Muitos de nós estamos familiarizados com as fadas por causa das histórias infantis modernas, onde elas aparecem, em geral, como criaturas minúsculas e bem-humoradas, de coração generoso. Porém, séculos atrás, a crença nas fadas englobava uma larga variedade de seres pequenos e grandes, malvados e bondosos, assustadores e engraçados, lindos e feios - desde o mortífero barrete vermelho das regiões fronteiriças da Escócia até a bondosa fada-madrinha da Cinderela.
PARA CONTINUAR LENDO
CLIQUE EM MAIS INFORMAÇÕES:
Os diabretes que correm alvoroçados
na aula de Gilderoy Lockhart, os leprechauns que fazem chover ouro sobre o
campo de Quadribol e os elfos domésticos que trabalham na cozinha de
Hogwarts pertencem, todos eles, a uma família mais ampla conhecida como fadas.
Denominadas freqüentemente "povo miúdo", 'povo pequenino",
"povo do hem" ou "bons vizinhos", as fadas formam
uma vasta comunidade internacional de seres imortais e sobrenaturais que muito
raramente são vistos pelos humanos. Embora mais conhecidas através das lendas
inglesas, essas criaturas mágicas ocupam uma posição de destaque no folclore
de países do mundo inteiro, desde a Suécia até o Irã e a China. Muitos de
nós estamos familiarizados com as fadas por causa das histórias infantis
modernas, onde elas aparecem, em geral, como criaturas minúsculas e
bem-humoradas, de coração generoso. Porém, séculos atrás, a crença nas fadas
englobava uma larga variedade de seres pequenos e grandes, malvados e bondosos,
assustadores e engraçados, lindos e feios - desde o mortífero barrete
vermelho das regiões fronteiriças da Escócia até a bondosa fada-madrinha da
Cinderela.
A palavra "fada" deriva do latim
jata, ou seja, fado, que se refere aos Fados da mitologia. São
três mulheres que tecem os fios da vida e controlam o destino de todas as
pessoas, desde o nascimento até a morte. Assim como acontece com os Fados,
acreditava-se que as fadas interferiam ativamente na vida dos mortais,
ajudando-os quando tinham vontade, mas também lhes causando dor e
infelicidade. Na Idade Média, as fadas levavam a culpa por um grande número de
doenças, desde erupções na pele até tuberculose. Machucados, câimbras e
dores reumáticas eram atribuídos aos beliscões dos dedos de fadas
zangadas e invisíveis. Dizia-se que as vítimas
de ataque do coração, paralisia ou enfermidades misteriosas tinham sido
"alvejadas por elfos", como se tivessem sido feridas pela flecha
invisível de um elfo. As mães sabiam que nunca deveriam deixar seus
recém-nascidos fora de vista, sob o risco de uma fada roubar o bebê e deixar no
lugar uma criança falsa e doentia, conhecida como criança trocada.
Em meados do século
XVI, o
medo das fadas tinha sido substituído pelo medo das bruxas. As fadas
ainda podiam ser criaturas brincalhonas e travessas, como o hinky-punk, mas,
a partir de então, eram geralmente vistas como criaturas imaginativas, bondosas
e amantes da diversão, que simpatizavam com os humanos. A tradição das fadas,
vasta e diversificada, refere-se a reinos nas florestas habitados por criaturas
minúsculas, vestidas com tecidos de primorosos tons de azul, verde e dourado.
Embora costumem ter a aparência de seres humanos lindíssimos, as fadas podem
mudar de forma para assumir o aspecto de animais ou se tornar invisíveis quando
desejam. Grandes amantes da música, elas dançam ao redor de cogumelos, ao
luar, ao som de flautinhas e harpas minúsculas. Diversas canções folclóricas
escocesas são consideradas cantigas de fadas, ensinadas a gaitistas mortais
atraídos até o Reino das Fadas pelas lindas melodias. Os humanos seduzidos a
entrar num reino de fadas em geral se sentem perdidos no tempo, de modo que,
quando retornam, descobrem que muitos anos se passaram num piscar de olhos. Mas
os mortais que partem resolvidos a encontrar o Reino das Fadas raramente o
conseguem, pois, segundo a lenda, o Reino das Fadas só pode ser achado por
acaso.
Nem todas as fadas são
adeptas de uma vida idílica e ociosa. Muitos contos folclóricos falam de fadas
domésticas — brownies, diabretes e alguns elfos — que preferem viver com
os humanos e ficam contentes ao ajudá-los nos afazeres domésticos, em troca de
uma tigela de coalhada, à noite, ou de uma fatia de bolo. Aqueles que convivem
com as fadas devem conhecer bem suas regras de etiqueta, pois elas se ofendem
com facilidade. Se a pessoa não mantiver a lareira limpa ou se tentar pagar às fadas pelos seus serviços,
elas podem expressar seu descontentamento tombando latas de lixo, quebrando
pratos ou fazendo a vaca parar de dar leite. Mas o melhor é fazer vista grossa
para esses acessos de mau humor, pois hoje, assim como no passado, é difícil
encontrar alguém para nos ajudar com as tarefas domésticas.
Prisioneiro de Azkaban, 10
A fada do dente
Hoje não existe fada mais conhecida ou amada do
que a Fada do Dente. Nos Estados Unidos e em parte da Grã-Bretanha, Canadá e
Espanha, acredita-se que ela vem à noite, deixa dinheiro ou pequenos presentes
em troca de "dentes de leite", colocados embaixo do travesseiro de
uma criança.
Embora os contos sobre a Fada do Dente
circulem desde o início do século XX (e
ninguém sabe exatamente onde isso começou), a associação entre dentes e
presentes é muito antiga. Mais de mil anos atrás, os vikings davam a seus
filhos uma "gratificação pelo dente" - um presente qualquer — quando
o seu primeiro dente nascia. Um antecessor mais recente da Fada do Dente foi o
Rato do Dente, criatura adorada pelas crianças do século XIX, que
punham seus dentes em tocas de rato, embaixo do armário da cozinha ou em
qualquer lugar onde um rato pudesse encontrá-los. Essas crianças felizardas não
só ganhavam doces ou moedas do Rato do Dente como, segundo a lenda, os seus
dentes novos ficavam tão afiados quanto os dentes do ratinho!
Se após lerem o subcapítulo
abaixo, e rirem até cair da cadeira como eu com aquelas duas menininhas
pilantras, deixem um comentário.
As fadas de Cottingley
Em julho de 1918, duas meninas em
Cottingley, zona rural da Inglaterra, tiraram o que parecia ser a primeira
fotografia de fadas autênticas. A foto, tirada por Elsie Wright,
de seis anos de idade, mostrava sua prima, Frances Griffiths, sentada na
floresta com diversas pessoas minúsculas e aladas voando à sua volta. O pai de
Elsie, que revelou o filme, não acreditava em fadas e disse isso às meninas,
insinuando delicadamente que elas haviam montado a cena. Mas as meninas
insistiram que tinham visto fadas na mata muitas vezes. Um mês depois tiraram
uma outra foto, dessa vez de Elsie posando ao lado de um gnomo.
O pai de Elsie continuou cético,
mas a mãe dela falou a respeito da foto com amigas interessadas pelo
sobrenatural. A partir daí a história se espalhou rapidamente, chamando por fim
a atenção de um dos escritores mais famosos da época — Sir Arthur Conan Doyle,
criador do célebre detetive Sherlock Holmes. Fascinado com a possibilidade de
que as fadas fossem reais, Doyle e outras pessoas interessadas consultaram
diversos especialistas a fim de verificar se as fotografias tinham sido
forjadas. Embora alguns tenham comentado que os penteados das fadas pareciam
estar absolutamente de acordo com a moda da época, ninguém conseguiu
apresentar provas conclusivas de que fosse uma fraude. Em dezembro de 1919,
Doyle publicou um artigo na revista Strand, intitulado "Fadas
Fotografadas — Um Acontecimento que Inaugura uma Nova Era", que provocou
um imenso entusiasmo entre os crentes, assim como uma condenação brutal dos
céticos. E em 1920 puseram mais lenha na fogueira, quando as meninas tiraram
mais três fotografias de fadas.
A discussão sobre a autenticidade
das fadas de Cottingley prosseguiu feroz durante várias décadas. Por fim, no
início da década de 1980, Elsie e Frances admitiram que as fotos eram uma
brincadeira. Fizeram as fadas de papel e usaram alfinetes de chapéu para
fixá-las nos galhos das árvores ou no solo. Frances lembrou-se de ter ficado
chocada ao ver como algumas pessoas acreditavam nas suas histórias. Afinal,
sublinhou ela, os alfinetes estavam bem visíveis em algumas fotos — mas, ainda
assim, ninguém os notou.
Frances
Griffiths e suas amiguinhas fadas, fotografadas por sua prima Elsie Wright em 1948. Só na década de 1980 as primas admitiram que se tratava de uma
brincadeira.
Círculos de fadas
Há muito se diz que as fadas deixam vestígios
de suas festanças noturnas. Segundo o folclore inglês, quando as fadas dançam
sob as estrelas, o local, ao amanhecer, terá a marca de um círculo verde
luminoso, ou de grama amassada, chamado "círculo de fadas". Quando a
pessoa entra no centro de um círculo de fadas, numa noite de lua cheia, e faz
um desejo, esse desejo irá se realizar.
Mas cuidado para não
pisar num círculo de fadas quando elas ainda estiverem por perto festejando!
Qualquer ser humano que fizer isso será obrigado a dançar até a exaustão. O
único meio de fugir é ser salvo por um amigo que, mantendo um pé apoiado bem
firme fora do círculo, estenda o braço para dentro do círculo de fadas e puxe o
prisioneiro para fora.
Círculos misteriosos de grama descolorida
de fato existem em toda a Europa e na América do Norte, surgindo muitas vezes
após chuvas fortes. Seu diâmetro pode variar de poucos centímetros até sessenta
metros. Mas os cientistas insistem que eles são causados por um tipo de fungo
chamado Basidomycetes e não por fadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, lembre-se, NÃO DEIXE SPOILERS nos comentários. Ajude a manter o suspense daqueles que ainda não leram os livros ou viram os filmes. Os comentários com Spoilers estarão sujeito à exclusão.