Alguma vez você já quis saber de onde, na verdade, vieram os fantasmas? Ou por que a alma de algumas pessoas queridas que se foram, como Moaning Myrtle ou o professor Binns, ficam pairando pela Terra, ao passo que outras simplesmente dormem num túmulo aconchegante e tranqüilo? Se é assim, você não foi o único. Fantasmas e histórias de fantasmas têm um papel importante no folclore, na literatura e na religião de quase todas as civilizações.
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Alguma vez você
já quis saber de onde, na verdade, vieram os fantasmas? Ou por que a alma de
algumas pessoas queridas que se foram, como Moaning Myrtle ou o professor
Binns, ficam pairando pela Terra, ao passo que outras simplesmente dormem num
túmulo aconchegante e tranqüilo? Se é assim, você não foi o único. Fantasmas e
histórias de fantasmas têm um papel importante no folclore, na literatura e na
religião de quase todas as civilizações.
Os fantasmas se manifestam de muitas
formas. O tipo básico e mais universal de fantasma é a
aparição, ou espírito desencarnado. Algumas aparições parecem feitas de um
vapor baço e enevoado. Muitas outras, contudo, parecem seres humanos de carne e
osso, perfeitamente normais. O folclore europeu está repleto de histórias de
fantasmas iguaizinhos a seres humanos, que comem, bebem e exercem a maioria
das funções corporais rotineiras nas pessoas vivas. Muitas vezes a natureza
fantasmática desses espectros só se revela pela sua capacidade misteriosa de
desaparecer em pleno ar, ou pelo estranho cheiro bolorento ou podre que alguns
fantasmas deixam atrás de si.
Na Grécia e na Roma antigas, os espíritos dos
mortos muitas vezes tomavam a forma de sombras escuras, estranhas manchas
negras, ou presenças invisíveis, semelhantes a poltergeists. Os antigos
egípcios acreditavam que os mortos podiam voltar em seus próprios corpos
reanimados e muitas outras culturas acreditam que os fantasmas podem aparecer
como demônios, animais ou mesmo plantas.
A maioria das sociedades antigas, tanto no
mundo ocidental como no oriental, tinha como certo que os fantasmas eram um fenômeno
perfeitamente real - e natural - e muitas culturas promoviam festas, ao longo
do ano, a fim de manter boas relações
com os mortos. Talvez a festa dos mortos mais curiosa da antigüidade fosse a
festa romana chamada Lemurália, realizada toda primavera. Durante a Lemurália,
os romanos que possuíam uma casa levantavam-se no meio da noite e caminhavam em
torno da sala, deixando atrás de si uma trilha de feijões pretos. "Com
esses feijões", entoavam os homens com toda seriedade, "pago o
resgate para mim e para minha família." Contornavam a sala, deixavam a
trilha de feijões e repetiam essa frase nove vezes, para garantir que os
espíritos dos mortos tivessem bastante tempo para recolher suas oferendas. Em
seguida o dono da casa fazia soar um pesado címbalo de bronze e gritava:
"Espíritos de meus ancestrais, vão embora!" Depois disso
acreditava-se que todos os fantasmas inquietos iriam embora tranqüilamente,
até o ano seguinte.
Como pode ser visto neste ritual
relativamente simpático, os fantasmas antigos, em sua
maioria, eram menos temidos do que reverenciados. Hoje, no entanto, a maior parte da tradição
dos fantasmas -sejam eles apresentados como reais ou fictícios — os retrata
como criaturas assustadoras e antinaturais que só surgem quando o espírito de
um morto está intranqüilo ou desconfortável, por algum motivo. Certos
espíritos inquietos, como o personagem Jacob Marley no Conto de Natal, de
Dickens, estão condenados a assombrar a humanidade por causa dos pecados que
cometeram quando vivos. Outros caminham pela Terra porque encontraram um fim
violento ou inesperado.
Diz-se, por exemplo, que Beamish Hall, no
condado de Durham, Inglaterra, é assombrada pelo fantasma de uma jovem
que morreu sufocada quando estava escondida num baú. (Segundo a lenda, ela
tentava evitar um indesejável casamento arranjado. Só podemos esperar que o
seu noivo fosse mesmo tão ruim quanto ela pensava!)
A maioria dos fantasmas em Hogwarts, é
claro, sofreu algum fim igualmente trágico ou brutal. A morte horrenda de Nick
Headless pode ter sido inspirada no caso do conde de Lancaster, no século XIV, que,
segundo se dizia, assombrava o Dunstanburgh Hall, na Inglaterra, em vingança
por sua decapitação malfeita. Segundo testemunhas, um carrasco inexperiente
teve de dar onze machadadas para conseguir separar do corpo a cabeça do conde,
e até soldados durões desmaiaram diante dessa cena!
Uma vez que um fantasma se encontre à
solta pelo mundo, ele geralmente irá perambular sem rumo, assombrar casas ou
vadiar em cemitérios, até seu espírito ter sido vingado ou libertado. A maneira
mais popular de livrar-se de um espírito indesejável é contratar um exorcista
profissional, ou "caçador de fantasmas", mas certos fantasmas
desaparecem se a pessoa simplesmente enterrar de novo os ossos deles em uma
encruzilhada. Como os fantasmas têm um sentido de direção sabidamente ruim,
esse pequeno truque normalmente os desorienta por toda a eternidade. Contudo,
se nada funcionar, você pode acabar se acostumando a ter um fantasma por perto.
Afinal, existem coisas muito piores do que ser convidado para uma boa festinha
de aniversário de morte, de vez em quando.
Pedra Filosofal, 7
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