segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 38







Há muito tempo que os gatos têm sido associados à magia e ao sobrenatural. [...] Em certas regiões da Escócia, essa crença era tão forte que muita gente se recusa­va a tratar de questões importantes de família na presença de um gato, com medo de que, mais tarde, uma bruxa pudesse usar contra eles o que tivessem falado.



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Por mais bondosa que a velha e grisalha Sra. Norris possa parecer aos olhos de um forasteiro, nenhum aluno de Hogwarts consegue sentir-se inteiramente à vontade na presença da gata de estimação de Argus Filch. Ela está sempre alerta a qualquer sinal de mau comporta­mento e parece dotada de uma fantástica capacidade de trocar infor­mações com seu mestre, sem dar sequer um simples miado.
Há muito tempo que os gatos têm sido associados à magia e ao sobrenatural. No século XVI eram amplamente conhecidos como com­panheiros das bruxas e, a exemplo da Sra. Norris, desconfiava-se que tinham a capacidade de se comunicar com seus donos. Em certas regiões da Escócia, essa crença era tão forte que muita gente se recusa­va a tratar de questões importantes de família na presença de um gato, com medo de que, mais tarde, uma bruxa pudesse usar contra eles o que tivessem falado.
Segundo certas teorias, porém, os gatos eram mais do que meros espiões das bruxas - eram bruxas disfarçadas. Nicholas Remy, um juiz do século XVI que presidiu centenas de julgamentos por crime de bruxaria, garantiu que quase todas as bruxas que haviam passado por ele transfor­mavam-se facilmente em gatos quando queriam entrar na casa dos ou­tros. Mas, ao contrário da professora McGonagall, que consegue se transformar em gato quando bem entende, as bruxas históricas, segundo diziam, só eram capazes de realizar esse prodígio nove vezes - isso porque os gatos supostamente têm nove vidas.
A função mais comum que cabia a um gato de bruxa era a de um "familiar" (ver Bruxas). Antes um criado do que um bicho de estimação, um familiar era considerado um demônio menor, providenciado pelo Diabo para cumprir qualquer tarefa nefasta que uma bruxa pudesse ima­ginar, desde azedar o leite até destruir um rebanho, causar doenças crônicas ou mesmo a morte dos seus inimigos. Num julgamento do sé­culo XVI, uma bruxa confessa afirmou que seu gato, Satã, lhe falava com uma voz cava e estranha, arranjou para ela um marido rico, fez com que ele ficasse manco e matou o seu filho de seis meses, atendendo as ordens dela. No oeste da Inglaterra, testemunhas afirmaram ter visto uma mulher conhecida como "a malvada bruxa negra de Fraddam" cavalgan­do pelo céu montada num enorme gato preto, toda vez que saía para procurar venenos e ervas mágicas. Como as histórias desse tipo se espa­lhavam rapidamente, não é de admirar que as pessoas vivessem apavo­radas com os gatos, assim como viviam com medo das bruxas, e tratassem esses animais com a mesma crueldade.
Porém, antes de serem temidos, os gatos foram adorados. Os antigos egípcios foram os primeiros a ter gatos como animais de estimação e, com o tempo, os gatos viraram objetos de devoção religiosa. Isso começou em torno de 2000 a.C, quando a deusa Bastet, em geral retratada com o corpo de uma mulher e a cabeça de um gato, era cul­tuada como a personificação da fertilidade e da cura. Segundo o historia­dor grego Diôdoros Sículo, os gatos destinados a viver em templos eram mimados com refeições de pão, leite e postas de peixe do Nilo, e até os seus tratadores ocupavam uma posição elevada na comunidade. Por fim, todos os gatos passaram a ser vistos não apenas como símbolos da deusa Bastet, mas como deuses propriamente ditos. Matar um gato, mesmo por acidente, era um crime passível de pena de morte e, quando o gato da família morria de causas naturais, todos na casa raspavam as sobrance­lhas em sinal de luto. Milhares de amuletos de gato eram fabricados e vendidos. Essa adoração pelos gatos não terminava nem mesmo quando eles morriam. Era importante enterrar um gato com grande respeito, coisa que, naquele tempo, significava embrulhar seu corpo como uma múmia (acreditava-se que a mumificação permitia que os mortos regres­sassem à vida). No verão de 1888, um lavrador egípcio que escavava sua terra desenterrou um grupo de múmias de gato de dois mil anos de idade que repousavam logo abaixo da areia do deserto - 300.000 múmias de gato! Foi descoberto depois que esse era apenas um entre muitos antigos cemitérios de gatos existentes no Egito.
Por que os gatos foram tão fervorosamente amados e odiados? Muitas superstições relacionadas aos gatos podem facilmente ser ligadas a observações que refletem algumas verdades bastante elementares sobre esses animais. A exemplo de Bichento, o gato de Hermione, a maioria dos felinos detesta ratos. Alguns dizem que o culto egípcio ao gato tinha origem no fato de os gatos protegerem os celeiros e outros locais onde se estocava comida contra o ataque de roedores. Além disso, tendo observado que os gatos matavam víboras mortíferas, os egípcios pas­saram a crer que o gato era o inimigo natural da cobra, um símbolo tradi­cional do mal. A excelente visão do gato à noite e o brilho misterioso da luz refletida em seus olhos criaram a idéia de que os gatos eram clarivi­dentes: se conseguiam enxergar no escuro, por que não poderiam tam­bém ler os pensamentos ou prever o futuro? A eletricidade estática nos pêlos dos gatos - que muda quando o ar fica mais seco ou mais úmido -foi entendida como uma capacidade de prever mudanças climáticas. E a tendência comum dos gatos de parecerem reservados e indiferentes em relação aos humanos levou certas pessoas a vê-los como criaturas "do outro mundo", dotadas de vidas secretas, ou como trapaceiros ardilosos, à espera do melhor momento para dar um bote num bebê adormecido ou transmitir uma conversa entreouvida. Portanto, se você às vezes gosta de acariciar a cabeça de um gato ronronante e de pêlo macio e cochichar um segredo na sua orelha, pense duas vezes: talvez seja melhor contar seus segredos para um cachorro.


Pedra Filosofal, 8



Histórias de gato


Muita gente acha os gatos fascinantes e o folclore está cheio de histórias que atribuem um sentido às mínimas coisas que um gato é capaz de fazer. Segundo uma lenda, quando um gato se mostra brincalhão, é sinal de chuva. Outra lenda diz que só chove quando o gato esfrega a pata nas duas ore­lhas, ao se lavar. Quando o gato esfrega os bigodes é sinal de que vão chegar visitas, mas quando ele estica as patas na direção da lareira é sinal de que as pessoas que se aproximam da casa não são conhecidas. Quando o gato espirra perto da noiva no dia do casamento é sinal de um casamento feliz, mas três espirros significam resfriado para todos da casa. Você por acaso quer saber se gatos pretos podem dar azar? Saiba que isso depende de onde você mora. Os americanos tendem a evitar gatos pretos, mas, na Inglaterra, as pessoas acham que eles dão sorte. Nos tempos da rainha Elizabeth, os gatos mais freqüentemente associados às bruxas não eram nem os gatos pretos nem os brancos, mas sim os rajados. Ninguém con­segue explicar inteiramente como as cores dos gatos entraram e saíram de moda ao longo dos séculos. Assim, talvez seja mais seguro seguir a tradição galesa, segundo a qual quem tem mais sorte são os que têm em casa ao mesmo tempo um gato preto e um gato branco.







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