terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 44







Muitos ingredientes para poções mágicas podem ser obti­dos em hortas bem providas, assim como remédios para todo tipo de doença, natural ou sobrenatural — desde espinhas a picadas de cobra, passando por Petrificação.



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Ter jeito para lidar com plantas pode ser uma mão na roda para um mago. Muitos ingredientes para poções mágicas podem ser obti­dos em hortas bem providas, assim como remédios para todo tipo de doença, natural ou sobrenatural — desde espinhas a picadas de cobra, passando por Petrificação. Certas ervas podem proteger a pessoa contra artimanhas mágicas de seus inimigos. O segredo reside em saber quais as plantas que produzem determinados efeitos e qual o melhor modo de cultivar e colher. E disso que trata a herbologia.
As ervas vêm sendo usadas há milhares de anos na magia e na medi­cina. O estudo sistemático das ervas remonta aos antigos sumérios, que estabeleceram usos medicinais do cariz, do tomilho, do louro e de muitas outras plantas que podem estar em nossos quintais, hoje em dia. O primeiro livro chinês sobre ervas, escrito por volta de 2800 a.C, descreve o uso medicinal de 366 plantas. Os gregos e romanos antigos usavam plantas como remédio, tempero, cosmético, perfume e corante. Os mais supersticiosos também empregavam ervas como amuletos, usa­dos em sachês presos ao redor do pescoço, para afastar maus espíritos, doenças ou alguma maldição de vizinhos contrariados. Na Odisséia, de Homero, o herói ganha uma erva chamada "móli" para protegê-lo con­tra os feitiços de Circe. Em outra passagem da mitologia, as ervas mági­cas são associadas a bruxas, como Hécate e Medéia, que as empregavam para fazer poções que davam grandes poderes aos seus protegidos e provocavam agonias terríveis aos que elas queriam destruir.
Na Idade Média, quase todos conheciam um rezador ou uma ben­zedeira local, que usava ervas para curar ferimentos, enfermidades e solucionar todo tipo de problemas pessoais, desde um poço seco até uma sogra mandona. Essas prescrições se apoiavam na crença popular sobre as propriedades mágicas e medicinais das plantas, cujo conhecimento era transmitido de geração em geração. Muitas curas se baseavam no princípio de que Deus havia estampado em todas as plantas uma imagem visível da sua função na medicina. Assim, bastava observar a planta para saber qual a sua utilidade. A cor das flores ou do fruto, o formato de uma raiz ou folha, a textura de uma pétala ou haste - tudo podia conter pis­tas das propriedades medicinais de uma planta. Por exemplo, dizia-se que as plantas de flores amarelas, como a vara-de-ouro, curavam a co­loração amarela da pele, causada pela icterícia. Já as plantas com folhas ou raízes vermelhas eram usadas para tratar perturbações no sangue ou ferimentos, e com as pétalas purpúreas das iridáceas, remédios para con­tusões. Se uma planta tinha semelhança com um órgão do corpo hu­mano, pensava-se logo que era benéfica no tratamento desse órgão. A pulmonária, assim chamada por causa das manchas em forma de pulmão existentes em suas folhas, era usada para tratar de males do pulmão, ao passo que a folha de três lóbulos da hepática, que diziam assemelhar-se a um fígado humano, para tratar distúrbios do fígado. As folhas da faia-preta eram usadas para tratar dos tremores sintomáticos da paralisia e, para picadas de insetos, recomendadas flores parecidas com borboletas. Acreditava-se que muitas enfermidades eram causadas por forças sobrenaturais, mas também existiam ervas para cuidar desses casos. A benzedeira ou o herborista local podiam aconselhar a pessoa a usar uma grinalda de amoras pretas para espantar os maus espíritos, tapar o bura­co da fechadura da sua casa com sementes de erva-doce para impedir a entrada de fantasmas e espalhar no chão o suco da dedaleira para se proteger das fadas. Também se acreditava que as ervas exerciam seu poder mágico sobre uma grande variedade de problemas cotidianos. Um viajante com medo de pegar no sono enquanto dirigia sua carroça era orientado a levar artemísia, considerada capaz de afastar o sono por sua mera presença. Uma pessoa em busca de um tesouro talvez recebesse instruções de levar um pouco de chicória, considerada capaz de abrir portas e arcas trancadas. Uma mulher ansiosa para ter filhos podia ser orientada a plantar salsa ao redor de sua casa, e um jovem desejoso de conquistar a garota de seus sonhos talvez fosse aconselhado a colher milefólio, enquanto recitava um encantamento de amor.
Conhecer as plantas úteis para determinados fins era apenas metade da tarefa. Também era crucial saber a hora e a maneira adequadas de co­lher cada planta. Muitos herboristas acreditavam que as propriedades das plantas, assim como as características das pessoas, sofriam uma in­fluência direta dos movimentos das estrelas e dos planetas. Um entusias­ta da botânica astrológica insistia que, "se uma planta não for colhida segundo as regras da astrologia, terá pouca ou nenhuma virtude". Desse modo, as plantas que se supunham ligadas a Saturno, como a cicuta e a beladona, deviam ser colhidas quando Saturno estivesse na posição ade­quada no céu, e assim por diante. Um método prático mais simples determinava que era melhor colher as plantas à noite, sobretudo durante a lua cheia, quando as plantas atingiam sua potência máxima. Foi por isso, sem dúvida, que Hermione teve de seguir as instruções com todo cuidado, quando colhia fluxweed para fazer a Poção Polissuco.
Mas muitas plantas têm regras bem peculiares. Por exemplo, se a pes­soa quisesse que uma simples chicória azul abrisse alguma fechadura, teria de cortar a planta com uma lâmina de ouro, ao meio-dia ou à meia-noite, no dia de São Jaime, 25 de julho. Se a pessoa falasse uma só palavra durante essa tarefa, morreria na mesma hora. E se alguém quisesse usar peônias para proteger os seus animais e a sua plantação contra o mau tempo, seria melhor verificar se não havia pica-paus nas redondezas na hora da colheita. Segundo a lenda, se um desses pássaros visse a pessoa nesse momento, ela ficaria cega. Com todas essas regras, e com tantos perigos de morte, não admira que os alunos de Hogwarts sejam obrigados a passar tantos anos estudando herbologia.


Pedra Filosofal, 8






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