Embora as aulas de Hogwarts, em sua maioria, pareçam orientadas conforme as necessidades de bruxas e magos europeus, o sensato professor Lupin sabe que nunca será perda de tempo prevenir-se contra demônios e monstros de terras distantes. Assim, ele apresenta aos seus alunos...
Embora as aulas de Hogwarts, em sua
maioria, pareçam orientadas conforme as necessidades de bruxas e
magos europeus, o sensato professor Lupin sabe que nunca será perda de tempo
prevenir-se contra demônios e monstros de terras distantes. Assim, ele
apresenta aos seus alunos da terceira série, no curso de Defesa contra Artes
das Trevas, uma aula sobre o kappa, um espírito anfíbio do folclore japonês,
que arrasta suas vítimas, homens e animais para dentro da água, onde as afoga e
as mutila.
Os kappas vivem em rios, lagos e lagoas,
mas nunca hesitam em subir à terra firme em busca de sua presa.
Tradicionalmente os contos os retratam como mal-intencionados, ávidos para
sugar as entranhas de sua vítima e beber o seu sangue. É dito que adoram
especialmente o fígado humano. Mas também são representados como inteligentes e
honrados. Diz-se que a humanidade aprendeu a arte de curar fraturas de ossos
com um kappa, que ofereceu esse conhecimento em troca do seu braço, amputado
numa de suas aventuras de pilhagem. Os braços e as pernas do kappa, quando
presos de novo ao corpo, ficam como novos em questão de dias.
Quando plenamente desenvolvido, um kappa
tem o tamanho de uma criança de dez anos. Sua pele é escamosa e
verde-amarelada,- tem cara de macaco e costas de tartaruga; as mãos e os pés
têm membranas, para nadar mais facilmente. Talvez seu traço físico mais
característico seja uma depressão em forma de pires no topo da cabeça, que deve
sempre conter água, para que o kappa possa conservar seus poderes sobrenaturais
e sua força extraordinária quando está em terra. Portanto, o melhor método para
subjugar um kappa é cumprimentá-lo muitas vezes, curvando a cabeça, como fazem os
japoneses. Como é uma criatura de uma cortesia fora do comum, o kappa vai
sentir-se obrigado a curvar a cabeça, em resposta. Após vários cumprimentos com
a cabeça, todo o líquido terá se derramado do topo do crânio do kappa e ele
será forçado a voltar para o seu lar aquático.
Outra estratégia para aplacar um
kappa mal-intencionado é lhe dar pepinos para comer, pois todos sabem que é seu
alimento predileto. Diz-se que riscar o nome dos familiares na casca de
pepinos e depois jogá-los dentro da água protege essas pessoas contra os
kappas, que, ao aceitarem os pepinos para comer, ficam moralmente obrigados a
não fazer mal a essas pessoas. Essa ligação lendária entre kappas e pepinos
tornou-se um elemento tão arraigado na cultura japonesa que o sushi recheado
com pepino é hoje chamado de kappa maki.
Prisioneiro de Azkaban, 9
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