sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 37







Assim como as florestas dos contos de fadas mais populares são povoadas de bruxas, ogros, duendes trasgos, o bosque de Hogwarts está repleto de monstros de todos os tipos.



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Toda vez que Harry entra na Floresta Proibida tem uma sensação de medo. Isso não é surpresa, pois ele e seus colegas de turma foram advertidos, repetidas vezes, sobre os perigos que espreitam na mata escura. Assim como as florestas dos contos de fadas mais populares são povoadas de bruxas, ogros, duendes e trasgos, o bosque de Hogwarts está repleto de monstros de todos os tipos. O que torna esses lugares tão apavorantes — e tão estimulantes - é que a gente nunca sabe se há algo escondido atrás de cada árvore nos espionando.
A floresta sempre esteve ligada ao risco - aos perigos de se perder, de se encontrar com um desconhecido, de ser devorado por feras. Em mea­dos do século I a.C, Júlio César escreveu sobre viajantes que percor­reram uma floresta tenebrosa durante sessenta dias sem conseguir chegar ao fim e que, quando afinal saíram da mata, relataram encontros com criaturas bizarras, que já haviam sido extintas há muito tempo em outros lugares. Para os antigos romanos, limpar e cultivar a terra e construir cidades representava o triunfo da civilização sobre a barbárie. Uma pai­sagem agradável era aquela criada por mãos humanas, ao passo que a mata indomada era vista como algo feio e assustador. A melhor maneira que o historiador romano Tácito encontrou para diferenciar seus com­patriotas cultos dos bárbaros germânicos, desprezados pelos romanos, foi afirmar que seus inimigos eram "habitantes das florestas".
Séculos depois, na Inglaterra, as florestas continuavam sendo vistas quase da mesma forma. As matas eram consideradas um ambiente pró­prio para animais e não para homens. Qualquer pessoa que morasse nelas era tida por rude e incivilizada. Um filósofo do século XVII con­trastou os habitantes das cidades, "educados e racionais", com os habitantes das florestas e matas, "irracionais e ignorantes". (Algumas pessoas em Hogwarts parecem ter a mesma opinião sobre Hagrid, que, de várias maneiras, é uma criatura da floresta e mora nas suas imediações.) A floresta equivale a tudo o que é estranho, suspeito e fora dos limites da expe­riência humana normal. De fato, as palavras inglesas foreign (estrangeiro) e forest (floresta) derivam da raiz latina foris, que significa "fora".
Para quem gosta de uma boa caminhada no bosque ou de acampar de vez em quando, essa visão negativa da floresta pode parecer severa demais. Porém isso tinha um certo fundamento na realidade. Na Europa da Idade Média e do início da era moderna, as florestas muitas vezes eram povoadas por vadios e bandoleiros que não respeitavam as leis nem a vida. Para qualquer pessoa que quisesse esconder-se das autoridades ou fazer negócios ilegais, uma região de mata fechada proporcionava um lugar ideal para evitar a prisão. Esse detalhe histórico ajuda a explicar por que tantos contos de fadas contêm personagens como a bruxa que captura Hansel e Gretel, ou como o lobo mau de Chapeuzinho Vermelho - vilões sinistros que espreitam nas matas, à espera do momento certo para atacar inocentes. Portanto, a decisão de Lord Voldemort de morar na floresta enquanto recupera suas forças está bem de acordo com a tradição.


Pedra Filosofal, 7






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