segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 52







No folclore do mundo inteiro, um lobisomem é um ser humano capaz de se transformar em um lobo extraordinariamente feroz. Ativo somente à noite e, com freqüência (mas não sempre), em época de lua cheia, ele mata homens, mulheres, crianças e animais domésticos, dilacerando suas gargantas com as garras e presas. Em algumas histórias(...)



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No folclore do mundo inteiro, um lobisomem é um ser humano capaz de se transformar em um lobo extraordinariamente feroz. Ativo somente à noite e, com freqüência (mas não sempre), em época de lua cheia, ele mata homens, mulheres, crianças e animais domésticos, dilacerando suas gargantas com as garras e presas. Em algumas histórias, um homem que se torna um lobisomem é uma vítima involuntária de genes ruins, de uma maldição, ou da mordida de outro lobisomem (como é o caso de certo professor de Hogwarts). Por mais que abomine o mal que causa, ele é incapaz de controlar suas ações.
Em outras narrativas, um bruxo decide em sã consciência tornar-se um lobisomem - em geral com a ajuda de um cinto encantado ou de um ungüento especial - para poder levar a  cabo   seus   terríveis   feitos, normalmente   em   associação com o Diabo. Apesar de os lobisomens serem quase sempre homens, também há histórias de mulheres e crianças lobisomens.


Histórias de homens-lobos existem desde a antigüidade. A mitologia grega nos trouxe a história de um tirano sanguinário chamado Licaón que deixou Zeus extremamente furioso ao lhe servir a carne de uma criança. Como punição, Zeus o transformou em um lobo, mantendo apenas alguns de seus traços humanos. Essa história é a origem da palavra "licantropo", que também significa lobisomem, e "licantropia", que é uma doença mental. Os escritores gregos do século IV a.C. escreveram sobre a crença popular em lobisomens e, já no século I d.C., o naturalista romano Plínio o Velho escrevia sobre essas criaturas como se realmente existissem.
As crenças e lendas de lobisomens estavam profundamente enrai­zadas na Europa no início da Idade Média. Ao contrário do que se pode esperar, a imagem do lobisomem nessa época não era de todo má. Enquanto, em algumas histórias, madrastas malvadas e vilões eram lobi­somens, em outras o lobisomem podia ser um herói, um santo ou um personagem cômico. Em uma famosa história francesa, quando um nobre confessou a sua mulher que era um lobisomem, ela e seu amante roubaram suas roupas ao vê-lo se transformar novamente. Incapaz de retomar a forma humana sem suas roupas, o nobre foi capturado como lobo. Ele acabou se tornando o animal de estimação do rei até a verdade ser revelada. Então, suas roupas foram devolvidas, a mulher má e seu amante foram banidos e o nobre lobisomem saiu-se vitorioso. Em outra lenda, as pessoas de uma pequena aldeia ficaram assustadas ao ver um lobo correndo pela rua principal para pular em um pedaço de carne pen­durado para secar. Tendo perdido o alvo, o lobo caiu em um poço. Quando as pessoas olharam para o fundo do poço, viram uma mulher nua e muito envergonhada!
No século XVI, no entanto, os lobisomens deixaram de ser retrata­dos como heróis ou figuras engraçadas. Em vez disso, passaram a ser vistos como uma verdadeira ameaça. A medida que a caça às bruxas ganhava ímpeto em toda a Europa, dezenas de pessoas na França, Alemanha, Suíça e Itália foram presas, julgadas e executadas por serem lobisomens. Os caçadores de bruxas alegavam que os lobisomens eram, na verdade, bruxas ou magos que, tendo feito pactos com o Diabo, podiam se transformar em lobos. Acusados de atos medonhos, tais como assassinato em massa e canibalismo, muitos dos supostos lobi­somens confessavam sob tortura.
Mais de uma dúzia de livros foram publicados nesse período. Muitos descreviam como os magos se preparavam para a transformação tirando a roupa e esfregando no corpo um ungüento mágico feito de raiz de beladona, sangue de morcego, potentilha, meimendro, fuligem e uma variedade de outros ingredientes igualmente esquisitos e nojen­tos. Em seguida, o mago vestia uma pele de lobo ou um cinto encan­tado e proferia encantamentos ao Diabo, que lhe concedia força e velocidade sobrenaturais, podendo assim satisfazer seu apetite pela carne e sangue humanos.
Não é à toa que os julgamentos de lobisomens ocorriam em lugares onde o problema com lobos reais era bastante sério. A população de lobos aumentou repentinamente na Europa Continental depois que a grande peste do século XIV levou ao abandono terras que antes eram usadas para a agricultura. Apesar de os lobos atacarem mais freqüente­mente animais domésticos do que pessoas, vez por outra matavam alguém e tais incidentes eram geralmente atribuídos aos lobisomens. Na Inglaterra, onde os lobos se tornaram extintos desde o século XVI, as histórias de lobisomens são bastante raras.


Prisioneiro de Azkaban, 17



 LOBISOMENS DE VERDADE

Por que tantas pessoas acreditavam que os homens po­diam mesmo se transformar em lobos? Uma explicação médica sugere que pelo menos alguns supostos lobisomens foram levados a julgamento porque realmente pareciam lobi­somens, devido a uma rara doença genética conhecida como hipertricose. As vítimas dessa doença desenvolvem uma densa camada de pêlos que cobre as bochechas, a testa, o nariz e as pálpebras. Em alguns casos, todas as partes do corpo, exceto as palmas das mãos e as solas dos pés, ficam peludas, fazendo com que os portadores da doença pareçam ter saído de um estúdio de maquiagem de Hollywood. Os médicos chamaram o gene responsável por essa doença de "gene do lobisomem".
Outra doença genética igualmente rara, chamada "por­firia", pode explicar alguns traços aparentes de lobisomem. Essa doença causa extrema sensibilidade à luz, fazendo com que seus portadores em geral saiam apenas à noite, assim como os lobisomens. A medida que a doença progride, começa a causar feridas e marcas na pele, que podem facil­mente ser interpretadas como as feridas que os lobisomens adquirem enquanto correm pela floresta caçando suas pre­sas. Além disso, a porfiria faz os dentes e as unhas ficarem vermelhos, levando a crer que uma refeição sangrenta acabou de ser consumida.







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