quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 21







Linda e mortífera, encantadora e cruel, Circe é uma das grandes bruxas da mitologia grega. Com o auxílio de sua varinha, poções, ervas e feitiços, ela transformava homens em animais, fazia florestas se moverem e o dia virar noite.



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Linda e mortífera, encantadora e cruel, Circe é uma das grandes bruxas da mitologia grega. Com o auxílio de sua varinha, poções, ervas e feitiços, ela transformava homens em animais, fazia florestas se moverem e o dia virar noite. Os escritores antigos Homero, Hesíodo, Ovídio e Plutarco relataram suas proezas, garantindo para ela um lugar nas lendas e também nas figurinhas dos Sapos de Chocolate.
Filha de Hélios, o deus-sol, e de Perseís, ninfa do oceano, Circe morava na ilha de Aiaie, ao largo do litoral da Itália, onde passava os dias tecendo panos deslumbrantes no seu tear, ou cantando com a voz mais encantadora do mundo. De vez em quando recebia a visita de viajantes que por acaso iam parar na sua ilha, ou daqueles que tinham conheci­mento de seus poderes mágicos e vinham pedir sua ajuda. Mas Aiaie era muito mais perigosa do que uma típica ilha de veraneio. O deus marinho Glauco descobriu isso quando procurou Circe com o intuito de obter uma poção de amor para ajudá-lo a conquistar a grande paixão do seu coração, uma ninfa chamada Cila. Circe apaixonou-se por Glauco e pediu que ele fosse viver com ela. Quando Glauco recusou, Circe lançou ervas venenosas na água onde sua rival estava tomando banho, transfor­mando Cila em um monstro hediondo, com cabeças de cão e de cobra projetando-se do seu corpo. Um outro homem tolo o bastante para rejeitar Circe passou o resto de seus dias na forma de um pica-pau.
Os visitantes mais famosos da ilha de Circe foram o herói grego Odisseu e sua tripulação de marujos, que aportaram em Aiaie na sua viagem de regresso da Guerra de Tróia. Ao avistar um fio de fumaça ao longe, Odisseu enviou metade de seus homens para averiguar. Logo encontraram a casa da feiticeira, um palácio de mármore no meio de uma clareira na floresta, cercada por feras amansadas, como ursos, leões e lobos, que tinham sido humanos até se encontrarem com Circe. Sempre muito hospitaleira, Circe veio à porta e convidou os homens para almoçar. Mas a cevada e o queijo que serviu continham uma poção poderosa que privou os homens da memória e do desejo de voltar para casa. Enquanto permaneciam ali sentados num estupor satisfeito, Circe tocou cada um com sua varinha mágica, transformou-os em porcos e enxotou-os para o chiqueiro, para onde foram aos prantos.
Circe queria fazer a mesma coisa com Odisseu, mas, quando este foi ver o que tinha acontecido com seus companheiros, o deus Hermes veio ao seu encontro e lhe deu uma erva chamada móli, para neutralizar o efeito dos feitiços e poções de Circe. Incapaz de usar sua magia contra Odisseu, Circe acabou se tornando amiga dele e devolveu seus compa­nheiros à forma humana. Daí em diante, Circe serviu de conselheira para Odisseu, antevendo os perigos que havia à sua frente e lhe explicando como se comunicar com os fantasmas que iria encontrar na sua viagem ao reino dos mortos.
Os mitos sobre Circe, assim como as histórias sobre a feiticeira Medéia (sobrinha de Circe) e sobre a bruxa e deusa grega Hécate constituíram a base de muitas crenças populares em torno de bruxas e bruxarias. Na Idade Média, as pessoas que ouviam o relato desses mitos costumavam crer que Circe tinha sido uma personagem real e que suas proezas mágicas eram de fato possíveis.


A varinha e as poções de Circe não fizeram efeito em Odisseu.
Esta ilustração provém de uma edição de 1887 da “Odisséia”.


Pedra Filosofal, 6





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