Nas diferentes culturas de todo o mundo, as cobras sempre foram muito respeitadas e associadas não apenas ao mal como também à sabedoria, perspicácia e cura.
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Quando os colegas de turma de Harry
descobrem que ele consegue falar com cobras, a maioria fica horrorizada e
imagina o pior —
que Harry seja um mago do mal. Afinal de
contas, para os bruxos, as cobras são sinônimos do mal. A Marca Negra,
símbolo dos Comensais da Morte, mostra uma língua de cobra saindo pela boca de
um crânio humano. A Casa Sonserina, que parece abrigar muitos entusiastas das Artes
das Trevas, tem como símbolo uma serpente. Além disso, Lord Voldemort é
alimentado pelo veneno de sua companheira, a serpente Nagini.
Ainda assim, é
provável que tenhamos conhecimento apenas de uma pequena parte da história que
cerca as cobras, e não sabemos explicar o que permite a Harry conversar tão
facilmente com uma jibóia ou acalmar uma cobra prestes a dar o bote. Nas
diferentes culturas de todo o mundo, as cobras sempre foram muito respeitadas e
associadas não apenas ao mal como também à sabedoria, perspicácia e cura.
A fascinação do homem por cobras
remonta às primeiras pinturas e gravuras que foram preservadas nas rochas e
cavernas, muito antes da invenção da escrita. Há mais cultos venerando cobras
do que qualquer outro animal. Nas mais diferentes épocas, elas já foram
sagradas para os escandinavos da Europa Setentrional, para os astecas da
América Central e para as tribos do oeste da África, assim como para os povos
do Oriente Médio, da bacia mediterrânea, da China e da Índia. Na Índia, as Nagini
são um grupo de seres-cobra retratados como belas mulheres com cabeças de
serpente ou então mulheres cobertas por serpentes enroladas. A cobra de
Voldemort tem o mesmo nome que esses seres venturosos, que oferecem proteção
contra todo tipo de perigo, inclusive contra picadas de cobra.
Mesmo nos lugares onde as cobras são
veneradas, contudo, continuam sendo temidas. Serpentes perversas e
dissimuladas aparecem em muitos mitos do Egito. No antigo Livro dos Mortos egípcio,
a monstruosa serpente Apophis aparece com freqüência como um instrumento do
mal, agressiva e traidora. Conhecida como "demônio das trevas",
Apophis trava constantemente batalhas com o deus sol, Rá, e cada nascer e
pôr-do-sol indicam mais uma derrota sua. Na mitologia escandinava, a serpente
Nidhogg, também conhecida como Terrível Mordedora, vive ao pé da Arvore da
Vida, a qual está sempre roendo, e representa os poderes malignos do universo.
A cobra mais abominável da cultura ocidental é a que foi responsável pela
expulsão de Adão e Eva dos Jardins do Éden, como foi contado no livro Gênesis,
no Antigo Testamento. Em outros episódios da Bíblia, as cobras aparecem
freqüentemente como símbolos de perigo e medo, e na cultura judaica e cristã
continuam sendo vistas como um símbolo do mal. Os muçulmanos também repudiam as
cobras por serem um símbolo da queda do homem.
Mas, apesar dessas associações
tão poderosas com o mal, características nobres foram, com freqüência,
atribuídas às cobras nos mitos, no folclore e na religião. Os egípcios, que
temiam as cobras, consideravam a naja uma fonte de sabedoria suprema. A
Deusa-Mãe dos cretenses, protetora dos lares, é representada em moedas
acariciando uma cobra. E, em muitas sociedades agrícolas, elas são vistas como
símbolos de fertilidade e a chave para boas colheitas. (Por um bom motivo: elas
comiam os roedores que, de outra forma, teriam acabado com os grãos.) A cobra
também era símbolo de cura para os gregos antigos, enrolando-se no cajado de
Asclépio, o deus da medicina (ver varinha mágica). Em Roma, elas eram,
com freqüência, criadas como animais de estimação, e amuletos gravados
com sua imagem eram bastante populares. Como muda de pele, a cobra é vinculada
em quase todo o mundo à idéia de renascimento e renovação.
Os dados mais comuns sobre as cobras não
são muito conhecidos, talvez porque a maioria de nós tenha tão pouco contato
com elas. Por exemplo, quando Harry fala com cobras, ele está se dedicando a
uma atividade bastante incomum, já que elas não possuem orelhas e são incapazes
de ouvir da mesma forma que os humanos e a maioria dos outros animais, apesar de serem muito sensíveis
às vibrações causadas pelo som. A grande maioria das cobras é inofensiva. Das
2.700 espécies do mundo, apenas quatrocentas são venenosas, e menos de
cinqüenta representam um perigo real para os humanos. Ainda assim, muitas
pessoas ficam tão apavoradas com esses répteis geralmente gentis que se sentem
zonzas só de ouvir falar deles.
A rapidez, os movimentos silenciosos e a
expressão
inalterável da cobra fortalecem sua reputação como um ser misterioso e
impenetrável. Escorregadias e sinuosas (mas não gosmentas), as cobras aparecem
e desaparecem em silêncio, sem avisar. Muitas podem emitir silvos altos, inflar
o corpo e exalar um cheiro ruim. E, claro, a capacidade de alguns tipos de
cobra de matar com um veneno fatal ou com um aperto sufocante faz com que as
pessoas tenham um bom motivo para evitá-las.
Como tantas pessoas têm
pavor de cobra, é natural que elas sejam usadas para guardar lugares
importantes, tais como cavernas cheias de tesouros, fontes da juventude e a
Câmara Secreta de Hogwarts. Isso também explica por que milhares de pessoas
comuns em todo o mundo criam, como bichos de estimação, diversos tipos de
cobras, tanto as inofensivas quanto as mortais. Não se sabe se a lenda inglesa
que diz que uma pele de cobra dentro da casa impede que outros répteis entrem
funciona de fato. Mas uma cobra viva na sala de estar é, com certeza, uma ótima
maneira de afastar visitas indesejadas.
A célebre forma circular da cobra com a cauda
na boca, chamada de ouroboros,
representa os aspectos positivos
associados à cobra na maioria das sociedades primitivas. Dizem que ela
simboliza o eterno ciclo de vida, morte e renascimento.
Pedra Filosofal, 2
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