À primeira vista, um caldeirão pode parecer apenas uma enorme panela. [...] De posse de um caldeirão, uma bruxa, ou um mago experiente, pode preparar poções, predizer o futuro, fornecer um suprimento inesgotável de comida a um número ilimitado de convidados, assegurar a juventude e a força ou conferir o conhecimento e a sabedoria.
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À
primeira vista, um caldeirão pode parecer apenas uma enorme panela. Mas nas
mãos certas (ou erradas), ele pode converter-se num artefato de poder
extraordinário. De posse de um caldeirão, uma bruxa, ou um mago experiente,
pode preparar poções, predizer o futuro, fornecer um suprimento inesgotável de
comida a um número ilimitado de convidados, assegurar a juventude e a força ou
conferir o conhecimento e a sabedoria.
Os caldeirões mais antigos eram de
muitos formatos e tamanhos. Eram feitos de cobre, bronze, estanho (como o de
Harry), pedra e, mais tarde, de ferro fundido. Nos tempos medievais, o
caldeirão era o centro de quase todas as atividades domésticas. Era usado para
cozinhar, preparar remédios por infusão, lavar e secar roupas, fazer sabão e
velas, e ainda servia para transportar tanto água como fogo. Uma família grande
podia possuir um único caldeirão, usado para todos esses fins.
Em certas culturas, os caldeirões
faziam parte dos rituais religiosos. Os antigos celtas agradavam seus deuses
com oferendas de refinadas jóias de ouro e de prata, que punham dentro de um
caldeirão, posteriormente mergulhado num lago ou rio. Alguns romanos
felizardos descobriram e pilharam um caldeirão desse tipo num lago na França,
séculos atrás. O famoso caldeirão de Gundestop, descoberto num pântano na
Dinamarca, em 1891, é quase todo feito de prata pura, com figuras que
representam deuses, plantas e animais fantásticos. Data do século I a.C. e
provavelmente foi usado para sacrifícios humanos.
A utilidade mais conhecida dos caldeirões,
no entanto, é servir de instrumento para as bruxas. Essa associação remonta a
épocas muito antigas. Na mitologia grega, a bruxa Medéia prometeu ao marido prolongar a vida do pai dele, idoso e fraco.
Misturou, em um caldeirão, ervas mágicas com partes de
"animais agarrados à vida" (especialmente as tartarugas), depois
cortou a garganta do velho e verteu a sua mistura dentro do ferimento. A poção
de Medéia permitiu a seu sogro recuperar o vigor da juventude.
Talvez o caldeirão
mais famoso da história seja o que pertenceu ao trio de bruxas que ajudou a
levar Macbeth, o famoso personagem de Shakespeare, à sua desgraça. Coagidas por
Macbeth a predizer o seu futuro, as bruxas prepararam um caldo nada apetitoso,
jogando no seu caldeirão três escamas de dragão, um bucho de tubarão, uma perna
de lagartixa e mais dois ingredientes clássicos
em poções, um olho de Salamandra e um dedo de rã. Com esse cozido bizarro e o
famoso encantamento "Dobre e mergulhe, torça e embrulhe, fogo arda e
caldeirão borbulhe", as bruxas invocaram três espíritos que apresentaram
profecias precisas, mas astutamente enganadoras.
A ligação
entre bruxas e caldeirões remonta à Grécia e Roma antigas.
Aqui vemos uma velha bruxa instruindo sua aprendiz na arte de
preparar poções.
O caldeirão também aparece com
destaque na mitologia galesa, irlandesa e celta, nas quais é considerado um
objeto mágico dotado de poder sobre a vida. A boca do caldeirão é vista como o
portão para o mundo subterrâneo, de onde emerge a vida nova e para onde os
mortos retornam. Acreditava-se que o caldeirão de Pwyll, soberano galês do
mundo subterrâneo, tornava as pessoas imortais. Algumas lendas sugerem que o
rei Artur e seu cavaleiros tentaram, certa vez, roubar esse caldeirão. A lenda
também afirma que o herói irlandês Bran possuía um caldeirão com o poder de
trazer os mortos de volta à vida, e que depois foi dado de presente ao rei da
Irlanda. Esse rei maldoso, então, usou o caldeirão mágico para criar um
exército inesgotável de soldados zumbis. Esses soldados eram mudos, a fim de
evitar que revelassem os segredos do além. Relatos de batalhas descrevem como
várias partes do corpo dos soldados amputadas em combate eram jogadas dentro
do caldeirão, de onde os corpos emergiam logo em seguida, inteiros e prontos
para mais uma batalha. O rei irlandês só foi derrotado quando o meio-irmão de
Bran saltou para dentro do caldeirão, sacrificando a própria vida para destruir
o recipiente, que não estava preparado para receber seres vivos.
Um exército arregimentado desse modo talvez
nunca fosse derrotado, pois novos guerreiros poderiam ser criados
continuamente a partir dos restos mortais dos guerreiros abatidos. Para magos
honestos, já é bem complicado defender-se das forças do mal que respiram e
vivem. O perigo é bem pior quando inimigos derrotados muito tempo atrás podem
estar, neste exato momento, despertando e, lentamente, voltando à vida, saídos
de um caldeirão escuro.
Pedra Filosofal, 5
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