Em alguns dicionários, você irá encontrar "duende" definido como um "demônio feio e maldoso". Mas veja os duendes sagazes e eficientes que dirigem o Gringotes e logo você vai compreender que essas criaturas mágicas nem sempre foram vistas de forma negativa.
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Em alguns dicionários,
você irá encontrar "duende" definido como um "demônio feio e
maldoso". Mas veja os duendes sagazes e eficientes que dirigem o Gringotes
e logo você vai compreender que essas criaturas mágicas nem sempre foram vistas
de forma negativa. No folclore medieval inglês, os duendes costumam ser
representados como diabinhos ou espíritos domésticos prestativos, ainda que
temperamentais. Como os brownies escoceses, os gobelins franceses,
os kobolds alemães, freqüentemente se prendem a uma determinada pessoa
ou família e se mudam para a sua casa. Gostam especialmente de casas de fazenda
e de sítios isolados na zona rural.
Embora os duendes variem muito em tamanho,
acredita-se que a maioria tenha a metade da altura de um ser humano adulto. Têm
cabelo e barba grisalhos e seu corpo e suas feições costumam ser grotescamente
deformados. Podem ter dedos extras nas mãos e nos pés, podem não ter orelhas,
ou então ter sobrancelhas viradas ao contrário ou ainda braços e pernas sem
cotovelo e sem joelho. Alguns duendes têm também curiosos defeitos de pronúncia
ou vozes esganiçadas.
Quando bem alimentados e bem tratados, a
maioria dos duendes domésticos dedica-se a manter as coisas
limpas e arrumadas. Têm um fraco por crianças e trazem presentes para jovens
bem-comportados. Mas tome cuidado com um duende zangado! Quando ofendidos, eles
não medem forças para obter sua vingança. As travessuras prediletas dos duendes
são roubar ouro e prata, cavalgar de noite até deixar o cavalo exausto e mudar
de lugar as placas de sinalização. Segundo muitos contos de fadas europeus, o
sorriso amargo de um duende pode coagular o sangue humano e sua risada pode
azedar o leite e fazer os frutos caírem das árvores. O único jeito de livrar-se de um duende
doméstico é cobrir o chão com sementes de linho. Quando o duende aparecer,
disposto a aprontar confusão, ele vai se sentir obrigado a, primeiro, catar
todas as sementes — tarefa impossível de concluir antes do amanhecer. Algumas
noites dessa atividade extremamente cansativa bastarão para convencer o duende
a ir chatear outra pessoa.
Em seu disfarce de banqueiros e agiotas,
os duendes do mundo de Harry Potter têm uma semelhança espantosa com uma
criatura mítica escandinava conhecida como Nis. Segundo o folclore
escandinavo, esses pequeninos e feiosos membros da família dos anões têm uma
habilidade especial para lidar com dinheiro. Quando um Nis fica zangado com
seus anfitriões humanos, ataca o que houver de essencial à sobrevivência deles
(mata as vacas leiteiras de uma fazenda, por exemplo). Quando quer recompensar
os humanos, os presenteia com uma arca de ouro.
Foi só no século XVII, quando a histeria
antibruxas varria grande parte da Inglaterra e da Escócia, que os duendes foram
associados às forças das trevas e do mal. Alguns contos de fadas ingleses
escritos depois desse período tentam fazer uma distinção entre espíritos domésticos
bons e maus, identificando-os como duendes maus ou duendes bons. O mais famoso
duende bom é, sem dúvida alguma, o personagem literário Robin Goodfellow,
também conhecido como Puck, que aparece em várias histórias e contos
folclóricos a partir do final do século XV.
Bem conhecido como um peralta simpático
que habitava residências e de vez em quando cumpria tarefas domésticas, em
alguns contos Robin Goodfellow é também o criado pessoal e o menino de recados
de Oberon, o lendário rei das fadas. Ele é dotado do poder de mudar de forma
(ver Transfiguração) e de transformar os desejos em realidade, e usa seus
poderes para castigar os malvados e premiar os bons. A aparição mais famosa de
Puck ocorre na peça Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare, em que
faz papel de Cupido para um grupo de amantes infelizes numa floresta encantada.
Rindo das atitudes ridículas de suas vítimas, Puck diz: "Meu Deus, como
são tolos os mortais!"
Pedra Filosofal, 5
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