Das muitas palavras usadas para definir mágico, talvez nenhuma transmita a idéia de poder e domínio sobre o mundo tão bem quanto "bruxo". Mais do que um simples preparador de poções, o bruxo comanda os poderes da natureza.
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Das muitas palavras usadas para definir mágico,
talvez nenhuma transmita a idéia de poder e domínio sobre o mundo tão bem
quanto "bruxo". Mais do que um simples preparador de poções, o bruxo
comanda os poderes da natureza. Ele provoca tempestades, move montanhas, lança
raios e transforma bugigangas sem valor em jóias inestimáveis. Alguns bruxos,
pelo menos, são capazes de fazer isso. Há outras versões nas quais os bruxos
são descritos como praticantes das Artes das Trevas, magos do mal (como Você-Sabe-Quem)
com uma sede infinita de poder e um desejo de prejudicar a espécie humana. Quem
tem a razão?
Na verdade, as duas visões
estão corretas. Historicamente, a palavra "bruxo" tem sido usada para
designar tanto agentes do bem quanto do mal, e a idéia do que é um bruxo e do
que ele faz foi mudando com o passar dos séculos. Uma das primeiras e mais
conhecidas imagens de bruxo foi desenhada nas paredes de uma caverna no sul da
França há mais de 10.000 anos. Conhecido como O Bruxo da Caverna Les Trois
Frères, o desenho representa um homem vestindo uma pele de animal e
chifres, fazendo uma dança ritual. Antropólogos acreditam que essa imagem representa
a forma mais antiga do mágico tribal — o xamã —, que era responsável pela
proteção da comunidade, garantia uma boa caçada e controlava o tempo. Esse tipo
de bruxo era essencial para o bem-estar da sociedade e, geralmente, era tido na
mais alta estima.
Nas antigas civilizações
da Babilônia, no entanto, os representantes mais temidos e atacados da magia
negra também eram conhecidos como bruxos. Eles se especializavam em rogar
pragas, furavam bonecos de cera com alfinetes, recorriam a demônios e
tentavam acordar os espíritos dos mortos. É possível que alguns bruxos da Grécia e
Roma pré-cristãs tenham praticado a adivinhação (isso porque a palavra sorcery,
que significa "bruxaria" em inglês, vem do latim sors, que
significa "ler a sorte", "profecia" ou
"destino"). Contudo, em sua maioria, eram profissionais que lançavam feitiços
e preparavam poções, podendo ser contratados para fazer mal aos inimigos.
Durante a Idade Média,
o fato de alguém ser considerado um bruxo ou não dependia do resultado da
mágica, mais do que das intenções do mágico. Se os resultados fossem benéficos,
o praticante era um mago. Se fossem nocivos, era um bruxo. Mas as coisas nem
sempre eram tão bem definidas. E se o tipo de mágica usada fosse um
encantamento ou poção para curar uma pessoa doente, mas, em vez de melhorar, o
paciente ficasse pior? O mágico deveria, então, ser considerado um bruxo?
Perguntas desse tipo surgiam com freqüência quando as pessoas acusadas de
"bruxaria" eram levadas a julgamento.
As acusações de bruxaria podiam
ser feitas por um fazendeiro descontente com um vizinho, a quem acusava de
fazer mal a animais ou crianças, ou de causar tempestades ou secas. Com
freqüência, essas acusações tinham origem em disputas e surgiam por motivos
econômicos ou por vingança. Contudo, se fossem apresentadas provas tradicionais
de bruxaria (como uma tábua de maldições ou bonecas de cera), o veredicto
de culpado era o mais provável.
Apesar de a bruxaria ter continuado com
conotações
negativas, durante o Renascimento o termo passou a ser usado de forma positiva
dentro de alguns grupos. Estudiosos e médicos que possuíam os segredos da magia
"branca", ou benéfica, eram chamados de bruxos. O mesmo acontecia
com alquimistas como Nicholas Flamel, que trabalhavam em seus
laboratórios para fabricar a Pedra Filosofal, uma substância que transformava
metais como chumbo, estanho ou mercúrio em ouro. Até mesmo Alvo Dumbledore
coloca "Grande Feiticeiro" entre seus muitos títulos no papel
timbrado de Hogwarts. No uso comum, o termo "bruxo" passou a designar
qualquer pessoa que tivesse conhecimento de magia.
A imagem do bruxo como um supermago que pode
fazer qualquer coisa ficou popular no mundo inteiro em 1940 com o desenho
animado Fantasia, de Walt Disney, no qual há
uma adaptação de "O Aprendiz de Feiticeiro". Baseada em uma história
escrita por Luciano, autor romano do século II, e que mais tarde foi recontada
pelo escritor alemão Goethe, a história nos mostra um aprendiz de mago bastante
preguiçoso que, querendo escapar de um trabalho pesado, na ausência de seu
mestre, dá vida a uma vassoura e ordena que ela busque água em um riacho.
Apesar de o aprendiz estar enganado ao pensar que pode controlar os poderes que
invoca (a vassoura não pára de trazer água e a casa fica totalmente inundada),
a bruxaria em si é retratada como algo maravilhoso, mesmo que esteja apenas ao
alcance de um mágico com grandes poderes.
Pedra Filosofal, 4
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