segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 14







Em todas as civilizações existiu algum tipo de "bruxa", desde a Assíria e a Babilônia até as aldeias da Europa medieval e as tribos contem­porâneas da África Central e Meridional. De acordo com a definição, uma bruxa é simplesmente um indivíduo que possui poderes sobrenatu­rais.



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Inicialmente, pode parecer estranho pensar que Hermione seja uma bruxa. A maioria das pessoas pensa nas bruxas como velhas de nari­zes compridos, com muitas verrugas, chapéus pretos pontudos e garga­lhadas estridentes. Ainda assim, sob muitos aspectos, Hermione e as ou­tras bruxas de Hogwarts não são tão diferentes das bruxas de antiga­mente: elas lançam feitiços e preparam poções, transformam objetos do nosso cotidiano em animais, voam em vassouras e estão sempre na com­panhia de gatos, corujas e sapos. Essas atividades têm sido associadas a bruxas, tanto fictícias quanto históricas, há centenas de anos.
Em todas as civilizações existiu algum tipo de "bruxa", desde a Assíria e a Babilônia até as aldeias da Europa medieval e as tribos contem­porâneas da África Central e Meridional. De acordo com a definição, uma bruxa é simplesmente um indivíduo que possui poderes sobrenatu­rais. Apesar de a natureza exata desses poderes ser diferente em cada cul­tura, em geral acredita-se que as bruxas são capazes de ferir ou curar com a ajuda de ervas mágicas, matar à distância com um olhar ou feitiço, con­trolar o tempo, voar ou transformar-se em um animal. Apesar de as bruxas poderem usar essas técnicas mágicas com a melhor das intenções, na maioria das sociedades elas são vistas como agentes do mal e do infortúnio. Em inglês, o termo witch (bruxa) em geral se aplica a pessoas do sexo feminino, mas os homens também podem ser chamados de witches, ou bruxos. Bruxos do sexo masculino também são chamados, em português, de feiticeiros, e em inglês, de warlocks.
A literatura da Grécia e Roma antigas é rica em histórias de bruxas que passavam a maior parte do tempo preparando poções mágicas com ervas e pedaços repugnantes de animais. Caracterizadas por seus cabelos longos e desgrenhados, e também por andarem descalças, na crença popular elas costumavam freqüentar cemitérios, onde podiam ser vistas à meia-noite desenterrando ossos, colhendo plantas venenosas ou ado­rando Diana, deusa da lua e da caça, ou Hécate, deusa da fertilidade e rainha da noite. Diziam que algumas eram capazes de conjurar os espíri­tos dos mortos e que outras matavam com um simples olhar. Acreditava-se que as bruxas da Tessália, no norte da Grécia, eram tão poderosas que podiam aproximar a lua da Terra e depois usar seus poderes. Apuleio, o poeta romano de século II, descreveu as bruxas como "capazes de fazer o céu cair, as nascentes secarem e destruir montanhas".


Muitas pessoas acreditavam que as bruxas podiam controlar o tempo.
Nesta xilogravura do século XV, uma serpente e um galo estão sendo jogados em um caldeirão para causar uma tempestade de granizo.

Durante a Idade Média, a palavra "bruxa" era por vezes usada para designar as curandeiras da aldeia que usavam ervas para curar doenças, faziam amuletos para afastar espíritos do mal e usavam poderes de adi­vinhação para encontrar objetos perdidos ou para identificar criminosos. Muitas pessoas também acreditavam que essas "bruxas boas" podiam realizar feitos impressionantes, como invocar a chuva, ver o futuro e garantir ventos favoráveis para a navegação. Assim como os magos, elas eram respeitadas e temidas por seus vizinhos, que contavam com seus conselhos e ajuda, mas também acreditavam que elas podiam trazer des­graças se fossem irritadas.


Essas curandeiras de aldeia foram algumas das primeiras pessoas a serem acusadas durante o pânico em relação às bruxas que se espalhou pela Europa Ocidental nos séculos XVI e XVII. Pouco depois, no entan­to, as acusações de bruxaria passaram a incluir homens e mulheres de todas as posições sociais. Tachadas de hereges (inimigas da Igreja cristã) e de adoradoras do Diabo, as bruxas incriminadas eram culpadas por tudo, desde colheitas ruins até mortes súbitas de bebês e propagação de doenças entre os animais. Diziam que as bruxas faziam pactos com demônios e que par­ticipavam regularmente de terríveis rituais de assassinato, vampirismo e canibalismo. De acordo com uma crença popular, elas se reuniam freqüentemente em sabás — encontros     noturnos em campos isolados ou florestas —, onde louvavam o Diabo com banquetes e danças. As viagens aéreas eram, supostamente, o meio mais comum para se chegar a essas reuniões, fosse com uma vassoura, fosse no lombo de um demônio, ou animal de compa­nhia, conhecido como familiar.
Essas idéias fantásticas levaram ao surgimento de uma vasta literatura sobre o assunto e, no final da era da caça às bruxas, no início do século XVIII, o estereótipo das bruxas já estava bem definido. Com a pele cur­tida e cheia de rugas, geralmente tinham um nariz curvo e o queixo pon­tudo, cabelos desgrenhados e lábios enormes e caídos. Eram pobres, conhecidas por seu comportamento excêntrico e seu gosto por gatos. Assim como a bruxa do conto dos irmãos Grimm, "João e Maria", era provável que vivessem em uma cabana em local afastado. Em muitos casos, essa imagem tinha um reflexo na realidade, já que os caçadores de bruxas buscavam alvos fáceis e não pensavam duas vezes antes de acusar senhoras idosas que viviam sozinhas e que já estavam parcialmente excluídas da comunidade. Apesar de as acusações de bruxaria não terem se limitado às velhas e feias (muitas das acusadas eram jovens, atraentes e abastadas), a imagem estereotípica das bruxas permaneceu pratica­mente inalterada desde o século XVIII.


Pedra Filosofal, 4



O FAMILIAR DA BRUXA

As bruxas podem ter sido pessoas socialmente excluídas, mas, segundo a crença popular, não lhes faltava companhia. Dizem que cada bruxa tinha pelo menos um "familiar" — um demônio sob a forma de um pequeno animal que lhe dava conselhos e estava à sua disposição para executar os serviços malignos, inclusive assassinatos. Gatos, cachorros, sapos, coelhos, melros e corvos eram os familiares mais comuns, mas, de vez em quando, algumas bruxas eram acusadas por terem porcos-espinhos, fuinhas, furões, toupeiras, camundongos, ratos, abelhas ou gafanhotos como animais de esti­mação demoníacos.
Tendo, supostamente, recebido seus familiares diretamente do Diabo, as bruxas eram muito gentis com eles, batizavam-nos com nomes engraçados e davam a eles as melhores gulo­seimas. Um trabalho bem-feito era recompensado, segundo a tradição, com algumas gotas do sangue da dona.
Os familiares se tornaram parte das lendas de bruxas du­rante os julgamentos ingleses e escoceses do século XVI e acabaram sendo transpostos também para as colônias norte-americanas da época. Todos acreditavam que os familiares eram espiões das bruxas e faziam a maior parte do serviço sujo, até mesmo lançar feitiços e maldições. Por isso, sempre que alguém via um gato ou cachorro que não conhecia, prin­cipalmente se ele tivesse um olhar estranho, pensava que era o leal criado de alguma bruxa que queria lhe fazer mal.
Quando chegava a hora do julgamento de alguma acusada de bruxaria, o (supostamente) leal familiar quase sempre con­seguia escapar. O que era bom para os pobres bichinhos de estimação, já que os poucos "demônios disfarçados" que foram pegos foram imediatamente executados.


As bruxas tratavam seus familiares com muito carinho.






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