Em todas as civilizações existiu algum tipo de "bruxa", desde a Assíria e a Babilônia até as aldeias da Europa medieval e as tribos contemporâneas da África Central e Meridional. De acordo com a definição, uma bruxa é simplesmente um indivíduo que possui poderes sobrenaturais.
PARA CONTINUAR LENDO
CLIQUE EM MAIS INFORMAÇÕES:
Inicialmente, pode parecer estranho pensar
que Hermione seja uma bruxa. A maioria das pessoas pensa nas bruxas como velhas
de narizes compridos, com muitas verrugas, chapéus pretos pontudos e
gargalhadas estridentes. Ainda assim, sob muitos aspectos, Hermione e as outras
bruxas de Hogwarts não são tão diferentes das bruxas de antigamente: elas
lançam feitiços e preparam poções, transformam objetos do nosso cotidiano em
animais, voam em vassouras e estão sempre na companhia de gatos, corujas e
sapos. Essas atividades têm sido associadas a bruxas, tanto fictícias quanto
históricas, há centenas de anos.
Em todas as civilizações
existiu algum tipo de "bruxa", desde a Assíria e a Babilônia até as
aldeias da Europa medieval e as tribos contemporâneas da África Central e
Meridional. De acordo com a definição, uma bruxa é simplesmente um indivíduo que
possui poderes sobrenaturais. Apesar de a natureza exata desses poderes ser
diferente em cada cultura, em geral acredita-se que as bruxas são capazes de
ferir ou curar com a ajuda de ervas mágicas, matar à distância com um olhar ou
feitiço, controlar o tempo, voar ou transformar-se em um animal. Apesar de as
bruxas poderem usar essas técnicas mágicas com a melhor das intenções, na
maioria das sociedades elas são vistas como agentes do mal e do infortúnio. Em
inglês, o termo witch (bruxa) em geral se aplica a pessoas do sexo
feminino, mas os homens também podem ser chamados de witches, ou bruxos.
Bruxos do sexo masculino também são chamados, em português, de feiticeiros, e
em inglês, de warlocks.
A literatura da Grécia
e Roma antigas é rica em histórias de bruxas que passavam a maior parte do
tempo preparando poções mágicas com ervas e pedaços repugnantes de animais.
Caracterizadas por seus cabelos
longos e desgrenhados, e também por andarem descalças, na crença
popular elas costumavam freqüentar cemitérios, onde podiam ser vistas à
meia-noite desenterrando ossos, colhendo plantas venenosas ou adorando Diana,
deusa da lua e da caça, ou Hécate, deusa da fertilidade e rainha da noite.
Diziam que algumas eram capazes de conjurar os espíritos dos mortos e que
outras matavam com um simples olhar. Acreditava-se que as bruxas da Tessália,
no norte da Grécia, eram tão poderosas que podiam aproximar a lua da Terra e
depois usar seus poderes. Apuleio, o poeta romano de século II, descreveu as
bruxas como "capazes de fazer o céu cair, as nascentes secarem e destruir
montanhas".
Muitas
pessoas acreditavam que as bruxas podiam controlar o tempo.
Nesta
xilogravura do século XV, uma serpente e um galo estão
sendo jogados em um caldeirão
para causar uma tempestade de granizo.
Durante a Idade Média,
a palavra "bruxa" era por vezes usada para designar as curandeiras da
aldeia que usavam ervas para curar doenças, faziam amuletos para afastar
espíritos do mal e usavam poderes de adivinhação para encontrar objetos
perdidos ou para identificar criminosos. Muitas pessoas também acreditavam que
essas "bruxas boas" podiam realizar feitos impressionantes, como
invocar a chuva, ver o futuro e garantir ventos favoráveis para a navegação.
Assim como os magos, elas eram respeitadas e temidas por seus vizinhos, que
contavam com seus conselhos e ajuda, mas também acreditavam que elas podiam
trazer desgraças se fossem irritadas.
Essas curandeiras de aldeia foram algumas
das primeiras pessoas a serem acusadas durante o pânico
em relação às bruxas que se espalhou pela Europa Ocidental nos séculos XVI e
XVII. Pouco depois, no entanto, as acusações de bruxaria passaram a incluir
homens e mulheres de todas as posições sociais. Tachadas de hereges (inimigas
da Igreja cristã) e de adoradoras do Diabo, as bruxas incriminadas eram
culpadas por tudo, desde colheitas ruins até mortes súbitas de bebês e
propagação de doenças
entre os animais. Diziam que as bruxas faziam pactos com demônios e que participavam
regularmente de terríveis rituais de assassinato, vampirismo e canibalismo. De
acordo com uma crença popular, elas se reuniam freqüentemente em sabás —
encontros noturnos em campos isolados
ou florestas —, onde louvavam o Diabo com banquetes e danças. As viagens aéreas
eram, supostamente, o meio mais comum para se chegar a essas reuniões, fosse
com uma vassoura, fosse no lombo de um demônio, ou animal de companhia,
conhecido como familiar.
Essas idéias fantásticas levaram
ao surgimento de uma vasta literatura sobre o assunto e, no final da era da
caça às bruxas, no início do século XVIII, o estereótipo das bruxas já estava
bem definido. Com a pele curtida e cheia de rugas, geralmente tinham um nariz
curvo e o queixo pontudo, cabelos desgrenhados e lábios enormes e caídos. Eram
pobres, conhecidas por seu comportamento excêntrico e seu gosto por gatos.
Assim como a bruxa do conto dos irmãos Grimm, "João e Maria", era
provável que vivessem em uma cabana em local afastado. Em muitos casos, essa
imagem tinha um reflexo na realidade, já que os caçadores de bruxas buscavam
alvos fáceis e não pensavam duas vezes antes de acusar senhoras idosas que
viviam sozinhas e que já estavam parcialmente excluídas da comunidade. Apesar
de as acusações de bruxaria não terem se limitado às velhas e feias (muitas das
acusadas eram jovens, atraentes e abastadas), a imagem estereotípica das bruxas
permaneceu praticamente inalterada desde o século XVIII.
Pedra Filosofal, 4
As bruxas podem ter sido pessoas
socialmente excluídas, mas, segundo a crença popular, não
lhes faltava companhia. Dizem que cada bruxa tinha pelo menos um
"familiar" — um demônio sob a forma de um pequeno animal que
lhe dava conselhos e estava à sua disposição para executar os serviços
malignos, inclusive assassinatos. Gatos, cachorros, sapos, coelhos,
melros e corvos eram os familiares mais comuns, mas, de vez em quando, algumas
bruxas eram acusadas por terem porcos-espinhos, fuinhas, furões, toupeiras,
camundongos, ratos, abelhas ou gafanhotos como
animais de estimação demoníacos.
Tendo, supostamente, recebido seus
familiares diretamente do Diabo, as bruxas eram muito gentis com eles,
batizavam-nos com nomes engraçados e davam a eles as melhores guloseimas.
Um trabalho bem-feito era recompensado, segundo a tradição, com algumas gotas
do sangue da dona.
Os familiares se tornaram parte das lendas
de bruxas durante os julgamentos ingleses e escoceses do século
XVI e acabaram sendo transpostos também para as colônias norte-americanas da
época. Todos acreditavam que os familiares eram espiões das bruxas e faziam a
maior parte do serviço sujo, até mesmo lançar feitiços e maldições. Por
isso, sempre que alguém via um gato ou cachorro que não conhecia, principalmente
se ele tivesse um olhar estranho, pensava que era o leal criado de alguma bruxa
que queria lhe fazer mal.
Quando chegava a hora do julgamento de
alguma acusada de bruxaria, o (supostamente) leal familiar quase sempre conseguia
escapar. O que era bom para os pobres bichinhos de estimação,
já que os poucos "demônios disfarçados" que foram pegos foram
imediatamente executados.
As
bruxas tratavam seus familiares com muito carinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, lembre-se, NÃO DEIXE SPOILERS nos comentários. Ajude a manter o suspense daqueles que ainda não leram os livros ou viram os filmes. Os comentários com Spoilers estarão sujeito à exclusão.