segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 29







Conforme os alunos das aulas de encantamento do professor Flitwick logo aprendem, existem encantamentos para quase todas as situações. Se a pessoa conhece as palavras certas, pode abrir o caminho para a riqueza e a fama, derrotar os inimigos e dominar o coração dos homens.



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Quando, nas conversas cotidianas, usamos a palavra "encantamento", em geral nos referimos a um certo tipo de charme social, uma característica encantadora incomum que torna certas pessoas mais sedu­toras e persuasivas do que outras. Mas o termo inglês charm (encanta­mento), derivado do latim carmen, que significa "canto" ou "frase ritual", tem muitos significados diferentes, em sua maioria sem nenhuma relação com a aparência ou sociabilidade da pessoa. No mundo da bruxaria e feitiçaria, um encantamento costuma ser uma expressão recitada ou escrita com o intuito de alcançar um determinado efeito mágico. Assim, Harry pronuncia um encantamento invocatório especial (Accio Firebolt!) quando quer chamar sua vassoura voadora para perto de si, ao passo que Hermione usa um encantamento de levitação (Vigardium Leviosa!) para fazer uma pena flutuar.
Conforme os alunos das aulas de encantamento do professor Flitwick logo aprendem, existem encantamentos para quase todas as situações. Se a pessoa conhece as palavras certas, pode abrir o caminho para a riqueza e a fama, derrotar os inimigos e dominar o coração dos homens. Um antigo encantamento inglês concede até proteção contra anões malévo­los. Mas os encantamentos são, em geral, associados a benzedeiras medievais que os empregavam para tarefas completamente humildes, como curar os doentes, proteger a lavoura e os rebanhos de doenças e preservar os aldeões de maldições.
Embora alguns poucos encantamentos combinem palavras com ações (como cuspir ou brandir uma varinha mágica), a maioria não requer ne­nhum ritual especial nem qualquer instrumento mágico. Dizem que os encantamentos funcionam até na forma puramente escrita. Alguns dos encantamentos mais antigos que se conhecem eram simples pedaços de pergaminho ou papel, com palavras mágicas inscritas, como abracadabra, que depois eram usados em redor do pescoço como amuletos de proteção.
Encantamentos puramente falados tornaram-se populares na Europa por volta do século XII, quando a Igreja Católica começou a pôr uma ênfase maior na força da prece falada e das bênçãos do papa. Durante toda a Idade Média era comum que bruxas, magos e até alguns membros da Igreja adaptassem preces cristãs para finalidades mágicas. O pai-nosso era comumente reescrito e usado como um encantamento contra a doença, a peste e o infortúnio pessoal. Um texto francês do século XIII narra como um pároco usou essa prece "para livrar Arnald de Villanova das verrugas que tinha nas mãos"! Outros encantamentos misturavam palavras mágicas e nomes de santos e eram usados para tratar de doenças e de ferimentos, como picada de cobra e queimaduras.
Algumas bruxas e magos mal preparados — assim como a maioria dos "trouxas" — também usam a palavra "encantamento" para designar qualquer objeto pequeno e portátil dotado de poderes mágicos. Pés de coelho, tre­vos de quatro folhas e ferraduras são com freqüência chamados de "encan­tamentos para dar sorte", mas qualquer mágico sério vai zombar dessa idéia. Esses artefatos mágicos devem ser chamados de amuletos (objetos que fornecem proteção mágica) ou talismãs (objetos que atribuem a uma pessoa uma nova capacidade mágica). Os chamados encantamentos que se penduram nos atuais braceletes são, em geral, meros símbolos orna­mentais de amor ou de amizade, destituídos de qualquer poder mágico.
Como Hermione nos teria contado com grande prazer, o melhor lugar para encontrar encantamentos genuínos é nos livros. Portanto, se um dia você quiser um encantamento que alegre um amigo melancólico ou um encantamento que limpe uma tremenda bagunça, basta procurar na biblioteca de Hogwarts um exemplar de Encantamentos e Feitiços Antigos. Mas verifique bem se está escolhendo o encantamento adequado para a tarefa e se você sabe pronunciar todas as palavras. Senão pode acabar como Aberforth, o inútil irmão do professor Dumbledore, que foi hu­milhado em público por ter usado encantamentos inadequados em um bode.





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