Quando o professor Quirrell se gaba de ter ganho seu turbante como
recompensa por ter afugentado um zumbi incômodo, muitos de seus alunos
têm sérias dúvidas.
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Quando o professor Quirrell se gaba de ter
ganho seu turbante como recompensa por ter afugentado um zumbi incômodo,
muitos de seus alunos têm sérias dúvidas. Em primeiro lugar, o turbante tem um
cheiro desagradável e incomum de alho, um sinal de que deve ter sido feito, na
verdade, para proteger o dono de vampiros. Em segundo lugar, o bom
professor sempre muda de assunto quando perguntam como exatamente ele derrotou
o zumbi. Essa é uma pergunta que qualquer professor qualificado para ensinar
Defesa contra as Artes das Trevas deveria saber responder, já que os zumbis são
a criação dos praticantes de magia negra mais perversos, os feiticeiros vodu.
Um zumbi é basicamente um defunto
ambulante — um ser que parece humano mas que não tem inteligência, alma, nem
vontade própria e apenas obedece às ordens de seu criador. Incapaz de sentir
dor, medo ou remorso, o zumbi é uma arma poderosa para qualquer praticante das Artes
das Trevas. Apesar de não haver provas da existência dos zumbis, há muitas
lendas a seu respeito em todos os lugares onde os cultos de vodu são
praticados.
O vodu, também conhecido como “vodum”,
é um conjunto de crenças religiosas criadas pelos escravos trazidos da África
para o Haiti durante os séculos XVII e XVIII. Os
rituais de magia são parte integrante do vodu e, com freqüência, servem para a
adoração ou curas, mas também são usados para ferir inimigos ou obter poder.
Dizem que as pessoas que fazem uso dessa magia para o mal, conhecidas como “bokors”,
criam zumbis para serem seus escravos. Alguns zumbis eram colocados para
trabalhar como criados ou cultivando o campo, enquanto outros trabalhavam em
escritórios. Os bokors mais perversos, no entanto, usavam seus zumbis para atingir objetivos mais
sombrios, como destruir a propriedade de inimigos ou até
mesmo cometer assassinatos.
Reza a lenda que os bokors podem criar um
zumbi a partir de um humano vivo ou de um defunto. Alguns dizem que o bokor dá
a sua vítima uma poção para induzi-la a um coma profundo. Tida como morta, a
vítima é enterrada pela família, para ser desenterrada logo depois pelo bokor.
Uma segunda poção faz a vítima falar, andar e respirar novamente, mas a deixa
sob o controle absoluto de quem a criou.
Em outros relatos, o bokor simplesmente
mata a vítima
ou rouba o corpo de alguém que morreu recentemente. Segundo a crença vodu, a
alma permanece com o corpo pelo menos durante um curto período de tempo após a
morte. Dizem que, depois de capturar a alma da pessoa, o bokor usa feitiços
para ressuscitar o corpo sob a forma de zumbi. Seja qual for o método, a
tentativa de criar um zumbi é vista até hoje como um ato perverso nas ilhas
caribenhas. Pelas leis atuais do Haiti, a criação de zumbis é considerada
assassinato, sujeitando o ofensor às mesmas penas de qualquer outro tipo de
homicídio.
O medo de se tornar um zumbi foi comum no
Haiti durante vários séculos e talvez ainda exista em
nossos dias. Com freqüência, os parentes enterravam seus mortos com facas para
que eles pudessem atacar um bokor intruso. Algumas crenças populares
aconselhavam que o caixão já ocupado pelo morto fosse enchido com sementes, já
que, segundo a tradição, o bokor deve contá-las antes de remover o corpo. Se
forem colocadas sementes suficientes, ele não conseguirá terminar a conta antes
do nascer sol e não poderá realizar o ritual, já que a magia negra não pode ser
praticada durante o dia.
Livrar-se de um zumbi é
um grande desafio. Apesar de falarem devagar, se moverem de forma mórbida e se
comportarem violentamente, um zumbi bem-feito é exatamente igual a um humano
comum e pode obedecer rapidamente às ordens de seu bokor. Como o professor
Quirrell deve saber - bem, pelo menos deveria... -, em algumas tradições é dito
que jogar sal no zumbi faz com que ele volte para o seu túmulo (e também
libera um zumbi vivo de sua letargia). Uma outra alternativa é apelar para a
intervenção divina. Dizem que Ghede, o deus haitiano dos mortos, abomina os zumbis e pode ser
persuadido a lhes restituir a vida devolvendo-lhes a alma. Se, no entanto, isso
não
der certo, a melhor maneira de destruir um zumbi é, provavelmente, derrotar o
bokor que o criou. Assim como muitas outras criaturas do mal, o zumbi só é
perigoso se estiver recebendo ordens malignas de seu mestre.
Pedra Filosofal, 8
AGRADECIMENTOS
Sem dúvida, boa parte das informações contidas
neste livro poderiam ser encontradas na biblioteca de Hogwarts. Porém, como
Hogwarts ainda não aderiu ao sistema de empréstimo entre bibliotecas, tivemos
de confiar em nossas próprias bibliotecas e na ajuda generosa de amigos para
reunir os fatos, o folclore, as idéias e as ilustrações que formam O Manual
do Bruxo.
Somos profundamente gratos a Joyce
Seltzer, por sua contribuição para que este projeto fosse iniciado
na direção certa e por seus valiosos conselhos e incentivo ao longo do caminho.
Somos igualmente gratos ao nosso agente, Neeti Madan, por encontrar a editora
perfeita, Ann Campbell, cujo entusiasmo pelo projeto foi uma inspiração para
nós.
Agradecemos a Nancy Hathaway, por suas
contribuições através de verbetes individuais, bem como por
responder pacientemente às nossas muitas perguntas. Frank. Ferrara nos ajudou
enormemente com pesquisas sobre diversos monstros assustadores, Bob Fisher nos
prestou consultoria em assuntos relacionados a astronomia e Rebecca Sokolovsky
foi nossa especialista na caça às bruxas na Europa. Nossa admiração e gratidão
também vão para Ruby Jackson, pela criação de todas as ilustrações originais
que abrilhantam estas páginas.
Nosso agradecimento especial a três
pessoas: Jessica Meyerson, por sua contribuição significativa em diversos
verbetes e por seu entusiasmo ilimitado por todas as coisas relacionadas a
Harry Potter; Bibi Wein, por suas leituras cuidadosas, ótimos conselhos e apoio
incansável; e Sheri Wilner, que não só conduziu as pesquisas para verbetes
individuais como também passou inúmeras horas nos arquivos rastreando as
ilustrações históricas que são parte importante deste livro.
Por fim, e acima de tudo, agradecemos a
nossos cônjuges,
Ruby e Vaughn, por seu amor, apoio, paciência e incentivo no decorrer da feitura
deste livro. Não teríamos conseguido sem eles.
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