terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 85








Quando o professor Quirrell se gaba de ter ganho seu turbante como recompensa por ter afugentado um zumbi incômodo, muitos de seus alunos têm sérias dúvidas.



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Quando o professor Quirrell se gaba de ter ganho seu turbante como recompensa por ter afugentado um zumbi incômodo, muitos de seus alunos têm sérias dúvidas. Em primeiro lugar, o turbante tem um cheiro desagradável e incomum de alho, um sinal de que deve ter sido feito, na verdade, para proteger o dono de vampiros. Em segun­do lugar, o bom professor sempre muda de assunto quando perguntam como exatamente ele derrotou o zumbi. Essa é uma pergunta que qual­quer professor qualificado para ensinar Defesa contra as Artes das Trevas deveria saber responder, já que os zumbis são a criação dos praticantes de magia negra mais perversos, os feiticeiros vodu.
Um zumbi é basicamente um defunto ambulante — um ser que parece humano mas que não tem inteligência, alma, nem vontade própria e ape­nas obedece às ordens de seu criador. Incapaz de sentir dor, medo ou remorso, o zumbi é uma arma poderosa para qualquer praticante das Artes das Trevas. Apesar de não haver provas da existência dos zumbis, há muitas lendas a seu respeito em todos os lugares onde os cultos de vodu são praticados.
O vodu, também conhecido como “vodum”, é um conjunto de crenças religiosas criadas pelos escravos trazidos da África para o Haiti durante os séculos XVII e XVIII. Os rituais de magia são parte integrante do vodu e, com freqüência, servem para a adoração ou curas, mas tam­bém são usados para ferir inimigos ou obter poder. Dizem que as pessoas que fazem uso dessa magia para o mal, conhecidas como “bokors”, criam zumbis para serem seus escravos. Alguns zumbis eram colocados para trabalhar como criados ou cultivando o campo, enquanto outros traba­lhavam em escritórios. Os bokors mais perversos, no entanto, usavam seus zumbis para atingir objetivos mais sombrios, como destruir a pro­priedade de inimigos ou até mesmo cometer assassinatos.
Reza a lenda que os bokors podem criar um zumbi a partir de um humano vivo ou de um defunto. Alguns dizem que o bokor dá a sua víti­ma uma poção para induzi-la a um coma profundo. Tida como morta, a vítima é enterrada pela família, para ser desenterrada logo depois pelo bokor. Uma segunda poção faz a vítima falar, andar e respirar nova­mente, mas a deixa sob o controle absoluto de quem a criou.
Em outros relatos, o bokor simplesmente mata a vítima ou rouba o corpo de alguém que morreu recentemente. Segundo a crença vodu, a alma permanece com o corpo pelo menos durante um curto período de tempo após a morte. Dizem que, depois de capturar a alma da pessoa, o bokor usa feitiços para ressuscitar o corpo sob a forma de zumbi. Seja qual for o método, a tentativa de criar um zumbi é vista até hoje como um ato perverso nas ilhas caribenhas. Pelas leis atuais do Haiti, a criação de zumbis é considerada assassinato, sujeitando o ofensor às mesmas penas de qualquer outro tipo de homicídio.
O medo de se tornar um zumbi foi comum no Haiti durante vários séculos e talvez ainda exista em nossos dias. Com freqüência, os paren­tes enterravam seus mortos com facas para que eles pudessem atacar um bokor intruso. Algumas crenças populares aconselhavam que o caixão já ocupado pelo morto fosse enchido com sementes, já que, segundo a tradição, o bokor deve contá-las antes de remover o corpo. Se forem colocadas sementes suficientes, ele não conseguirá terminar a conta antes do nascer sol e não poderá realizar o ritual, já que a magia negra não pode ser praticada durante o dia.
Livrar-se de um zumbi é um grande desafio. Apesar de falarem deva­gar, se moverem de forma mórbida e se comportarem violentamente, um zumbi bem-feito é exatamente igual a um humano comum e pode obe­decer rapidamente às ordens de seu bokor. Como o professor Quirrell deve saber - bem, pelo menos deveria... -, em algumas tradições é dito que jogar sal no zumbi faz com que ele volte para o seu túmulo (e tam­bém libera um zumbi vivo de sua letargia). Uma outra alternativa é apelar para a intervenção divina. Dizem que Ghede, o deus haitiano dos mortos, abomina os zumbis e pode ser persuadido a lhes restituir a vida devolvendo-lhes a alma. Se, no entanto, isso não der certo, a melhor maneira de destruir um zumbi é, provavelmente, derrotar o bokor que o criou. Assim como muitas outras criaturas do mal, o zumbi só é perigoso se estiver recebendo ordens malignas de seu mestre.


Pedra Filosofal, 8





AGRADECIMENTOS
  
Sem dúvida, boa parte das informações contidas neste livro poderiam ser encontradas na biblioteca de Hogwarts. Porém, como Hogwarts ainda não aderiu ao sistema de empréstimo entre bibliotecas, tivemos de confiar em nossas próprias bibliotecas e na ajuda generosa de amigos para reunir os fatos, o folclore, as idéias e as ilustrações que formam O Manual do Bruxo.
Somos profundamente gratos a Joyce Seltzer, por sua contribuição para que este projeto fosse iniciado na direção certa e por seus valiosos conselhos e incentivo ao longo do caminho. Somos igualmente gratos ao nosso agente, Neeti Madan, por encontrar a editora perfeita, Ann Campbell, cujo entusiasmo pelo projeto foi uma inspiração para nós.
Agradecemos a Nancy Hathaway, por suas contribuições através de verbetes individuais, bem como por responder pacientemente às nossas muitas perguntas. Frank. Ferrara nos ajudou enormemente com pesquisas sobre diversos monstros assustadores, Bob Fisher nos prestou consulto­ria em assuntos relacionados a astronomia e Rebecca Sokolovsky foi nossa especialista na caça às bruxas na Europa. Nossa admiração e grati­dão também vão para Ruby Jackson, pela criação de todas as ilustrações originais que abrilhantam estas páginas.
Nosso agradecimento especial a três pessoas: Jessica Meyerson, por sua contribuição significativa em diversos verbetes e por seu entusiasmo ilimitado por todas as coisas relacionadas a Harry Potter; Bibi Wein, por suas leituras cuidadosas, ótimos conselhos e apoio incansável; e Sheri Wilner, que não só conduziu as pesquisas para verbetes individuais como também passou inúmeras horas nos arquivos rastreando as ilustrações históricas que são parte importante deste livro.
Por fim, e acima de tudo, agradecemos a nossos cônjuges, Ruby e Vaughn, por seu amor, apoio, paciência e incentivo no decorrer da feitu­ra deste livro. Não teríamos conseguido sem eles.





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