quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 81








Solitários e sem amigos, eles vagam pela noite em uma busca eterna por sangue fresco. (..) De todos os fantasmas e demônios estudados em Defesa contra as Artes das Trevas, nenhum tem a fama mundial do sanguinário vampiro.



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Solitários e sem amigos, eles vagam pela noite em uma busca eterna por sangue fresco. Passam o dia dormindo em criptas bolorentas e em castelos no topo de montanhas. Eles nunca envelhecem e não têm medo da morte, porque já estão mortos. E, se você encontrar com um na rua, nem saberá que está cara a cara com um monstro.
De todos os fantasmas e demônios estudados em Defesa contra as Artes das Trevas, nenhum tem a fama mundial do sanguinário vampiro. As descrições de seu físico variam em cada cultura, desde uma fera de olhos vermelhos com cabelos verdes ou cor-de-rosa (China) até uma criatura parecida com uma serpente e com cabeça de mulher (a Lamia grega), que passa pelo cavalheiro de aparência sofisticada, veste uma capa de gola alta, que é originário de uma lenda do Leste europeu. Na maioria das histórias, o vampiro é um ser humano que, uma vez morto, ressuscita com a compulsão de beber o sangue dos vivos.
Os vampiros fazem parte do folclore há centenas de anos, mas só atingiram realmente notoriedade em 1897, quando foi publicado o livro clássico de Bram Stoker, Drácula. Os dentes caninos do vampiro que dá título ao livro de Stoker eram ligeiramente alongados e pontudos, ele tinha cabelos nas palmas das mãos e era extraordinariamente pálido, mas, fora isso, sua aparência era bastante humana. E bem provável que o conde Drácula tenha sido baseado em Vlad Tepes, o governante da Walachia (parte da atual Romênia) no século XV, famoso por sua cruel­dade e violência. Vlad era conhecido por empalar seus inimigos com uma estaca no coração e por se banhar no sangue dos mortos depois de uma batalha especialmente árdua. Com o tempo, esses hábitos se tornaram elementos importantes da lenda do vampiro. Vlad, aparentemente um sujeito bastante dramático, assinava suas cartas como “Vlad Dracula”, o que significa algo como “Vlad, filho do Diabo”.
Os poderes do vampiro foram ampliados com o passar dos séculos. No século XVI, os conquistadores espanhóis na América do Sul e Central encontraram uma espécie de morcego com hábitos alimentares como os do conde Drácula e seus semelhantes. Desde então, diz-se que os vam­piros podem se transformar em morcegos sempre que desejarem. Acredita-se, também, que são capazes de se transformar em lobos, ratos ou camundongos, e que alguns podem controlar e se comunicar com essas criaturas. Os vampiros são dotados de uma força e destreza muito além das humanas, e alguns também podem voar. Além disso, alguns dos vampiros mais poderosos são capazes de hipnotizar os seres humanos com o olhar, passando a controlar suas ações e até mesmo ver através de seus olhos.
Em contrapartida a todos esses poderes, o vampiro tem também muitas fraquezas. Todos sabem que eles não suportam a luz solar. O sol sempre foi considerado um símbolo da verdade e da bondade, conceitos que vão contra a natureza do vampiro. Conseqüentemente, a exposição direta à luz solar destrói o vampiro, geralmente reduzindo-o a um inofensivo monte de cinzas. Outras maneiras conhecidas de se destruir um vampiro são a decapitação, a cremação ou o ato de enfiar uma esta­ca em seu coração. Ao contrário da crença popular, a maioria das lendas afirma que os vampiros não são vulneráveis a armas feitas de prata - o ferro é o metal apropriado para quem planeja lutar com a criatura. No folclore eslavo, um vampiro po­de ser destruído mergulhando-o em água benta, fazendo um exorcismo ou roubando sua meia esquerda, enchendo-a com pedras e jogando-a em um rio.
Como o professor Quirrell sabe, os vampiros não suportam o cheiro de alho fresco. Coroas feitas com a poderosa planta po­dem ser colocadas em quartos (ou salas de aula) para proteger seus ocupantes. Pessoas supersticiosas enchem os olhos, as orelhas e as narinas dos recém-falecidos com dentes de alho para impedir que eles se tornem vampiros. Também se acredita que os vampiros sejam fascinados por contar objetos. Se um deles encontrar sementes espalhadas, vai começar a contá-las e só vai parar quando terminar, mesmo que isso signifique virar um monte de pó com a chegada dos primeiros raios de sol. Por fim, o vampiro tem que dormir toda noite na terra de seu país natal. Por isso, quando o Drácula de Stoker foi da Transilvânia (cidade localizada ao sul da Walachia de Vlad) para a Inglaterra, ele levou várias caixas de terra da Romênia e as instalou em sua nova residência em Londres.


Lendas diferentes fornecem relatos diferentes sobre a personalidade do vampiro. Algumas histórias descrevem a criatura como um assassino desalmado e sem remorso. Já o conde Drácula de Bram Stoker era inteligente e encantador, com modos impecáveis e uma boa linhagem. Outras histórias descrevem os vampiros como seres essencialmente decentes, eternamente torturados pelas coisas terríveis que têm que fazer para sobreviver. Essa versatilidade é provavelmente uma das razões pela qual os vampiros continuam inspirando novas lendas até hoje.


Pedra Filosofal, 8






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