segunda-feira, 10 de setembro de 2012

OS CONTOS DE BEEDLE, O BARDO




COMENTÁRIOS DE ALVO DUMBLEDORE SOBRE
“Babbitty, a Coelha, e seu Toco Gargalhante”


A HISTÓRIA DE “Babbitty, a Coelha, e seu Toco Gargalhante” é, sob muitos aspectos, o conto de Beedle mais “real”, na medida em que a magia descrita na história está quase totalmente de acordo com as conhecidas leis da magia.
Foi graças a essa história que muitos de nós descobrimos que a magia não podia ressuscitar os mortos, o que foi um grande desapontamento e um choque, convencidos que estávamos na infância de que nossos pais seriam capazes de acordar os nossos ratos e gatos com um aceno de varinha. E, embora tenham transcorrido uns seis séculos desde que Beedle escreveu esse conto, e desde então tenhamos concebido inúmeras maneiras de manter a ilusão da presença continuada dos entes que amamos[1], os bruxos ainda não descobriram como juntar corpo e alma uma vez que a morte ocorra.

[1] [As fotos e os retratos de bruxos têm movimentos e (no caso destes últimos) falam como seus personagens. Outros objetos raros, como o Espelho de Ojesed, podem também refletir mais do que uma imagem estática de alguém querido que perdemos. Os fantasmas são versões transparentes, dinâmicas, falantes e pensantes dos bruxos e bruxas que desejaram, por alguma razão, permanecer na terra. JKR]

Diz o eminente filósofo bruxo Bertrand de Pensées-Profondes em sua famosa obra “Um estudo da possibilidade de reverter os efeitos metafísicos e reais da morte natural, com especial atenção à reintegração da essência com a matéria”: “Desistam. Isto jamais acontecerá”.
O conto de Babbitty, a Coelha, porém, nos oferece uma das primeiras menções literárias a um animago, pois Babbitty, a lavadeira, é dotada dessa rara habilidade mágica de se transformar em animal, quando quer. Os animagos formam uma pequena fração da população bruxa. Atingir a transformação perfeita e espontânea de humano para animal exige muito estudo e prática, e muitos bruxos consideram que seu tempo pode ser melhor empregado em outras atividades.
Certamente, a aplicação de tal talento é limitada a não ser que a pessoa tenha grande necessidade de se disfarçar ou se ocultar. Por esta razão, o Ministério da Magia insiste em registrar os animagos, pois não resta dúvida de que tal tipo de feitiço tem maior utilidade para aqueles que se dedicam a atividades sub-reptícias, secretas ou até criminosas[2].

[2] [A professora McGonagall, Diretora de Hogwarts, me pediu que esclarecesse que ela se tornou um animago em decorrência de suas extensas pesquisas em todos os campos da Transfiguração, e que jamais usou sua habilidade de se transformar em gato com nenhum objetívo sub-reptício, à exceção das atividades legais em favor da Ordem da Fênix, nas quais o sigilo e o disfarce eram imperativos. JKR]


É duvidoso que algum dia tenha havido uma lavadeira capaz de se transformar em coelha, entretanto, alguns historiadores da magia têm sugerido que Beedle criou Babbitty à feição da famosa francesa Lisette de Lapin, que foi condenada por feitiçaria em Paris, em 1422. Para assombro dos seus carcereiros trouxas, que mais tarde foram julgados por ajudar a bruxa a escapar, Lisette sumiu de sua cela prisional na véspera de sua execução. Embora nunca tenha se provado que Lisette fosse um animago que conseguiu se espremer entre as grades da janela de sua cela, subsequentemente, um grande coelho branco foi avistado atravessando o Canal da Mancha em um caldeirão equipado com uma vela, e um coelho semelhante tornou-se mais tarde conselheiro de confiança na corte do Rei Henrique VI[3].

[3] Isto pode ter contribuído para a reputação de instabilidade mental daquele rei trouxa.


O rei na história de Beedle é um trouxa imbecil que, ao mesmo tempo, cobiça e teme a magia. Ele acredita que pode se tornar bruxo simplesmente aprendendo encantamentos e agitando uma varinha[4].

[4] Conforme demonstraram as intensas pesquisas do Departamento de Mistérios que remontam a 1672, bruxos nascem feitos. Ainda que a habilidade fortuita de realizar mágicas ocorra em pessoas que aparentemente descendem de não-bruxos (e embora vários estudos sugiram que terá sempre havido alguém bruxo em sua árvore genealógica), trouxas não podem realizar mágicas. O melhor — ou pior — a que poderiam aspirar são eleitos aleatórios e não controláveis gerados por uma varinha mágica genuína, que, sendo um instrumento supostamente canalizador de magia, retém, por vezes, um poder residual que pode descarregar em um dado momento — veja também as notas sobre a tradição das varinhas em “O Conto dos Três Irmãos”.

Ignora inteiramente a verdadeira natureza da magia e dos bruxos, e, portanto, engole as absurdas sugestões tanto do charlatão quanto de Babbitty. Tal atitude é típica de um determinado tipo de mentes trouxas: em sua ignorância, estão prontas a aceitar toda sorte de impossibilidades a respeito da magia, inclusive as hipóteses de que Babbitty se transforme em uma árvore que ainda pode pensar e falar.
Neste ponto, vale ainda notar que, embora Beedle use o artifício de fazer uma árvore falar para ressaltar como o rei trouxa é ignorante, ele nos pede também para acreditar que Babbitty é capaz de falar enquanto coelho. Isto poderia ser uma licença poética, mas acho mais provável que Beedle tenha ouvido falar de animagos sem jamais ter conhecido um, porque esta é a única liberdade que ele toma em relação às leis da magia em sua história.
Os animagos não retêm o poder da fala humana enquanto sob a forma animal, embora conservem a capacidade humana de raciocinar. Isto, como qualquer escolar sabe, é a diferença fundamental entre ser animago e se transfigurar em animal. Neste último caso, a pessoa se transforma inteiramente em um animal e, em consequência, desconhece a magia, perde a consciência de ter sido bruxo, e precisaria de alguém que o transfigurasse em sua forma original.
Creio ser possível que, ao preferir que sua heroína finja se transformar em árvore e ameace o rei com a dor de uma machadada no próprio corpo, Beedle tenha se inspirado em tradições e práticas reais da magia.
As árvores com madeira apropriada para varinhas sempre foram ferozmente protegidas por seus fabricantes, que cuidam delas, e quando alguém as corta para roubá-las, se arrisca a expor-se não apenas à malícia dos tronquilhos[5] que normalmente fazem seus ninhos ali, como também a efeitos adversos dos Feitiços de Proteção com que seus donos as cercaram. Na época de Beedle, a Maldição Cruciatus ainda não tinha sido declarada ilegal pelo Ministério da Magia[6], e poderia ter produzido a exata sensação que Babbitty usa para ameaçar o rei.

[5] Para a descrição completa desses pequenos e curiosos habirantes das árvores, veja Animais fantásticos & onde habitam.
[6] As Maldições Cruciatus, Imperius e Avada Kedavra foram classificadas como Imperdoáveis em 1717, com as mais rigorosas penalidades associadas ao seu uso.







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