sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 4







PARTE 2


Desde adolescentes apaixonados até líderes mundiais, todos querem saber o que está para vir. Por isso a adivinhação — arte de prever o futuro — existiu, de uma forma ou de outra, em todas as culturas que a história registra.



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¯ Aritmancia, quiromancia e ¯
outras artes da adivinhação


O que o temível inseto verde e predador, da família dos mantídeos, conhecido como louva-a-deus tem a ver com os sistemas de adivinhação?
Quase nada, exceto uma curiosa ligação lingüística: a palavra grega mantikós, que significa "profeta", deu origem ao nome da família de insetos a que ele pertence, os mantídeos. Em virtude da natureza profética da adivinhação, nos dicionários a terminação "mancia" é usada para indicar qualquer forma de adivinhação. Ler a palma da mão é a Quiromancia (quiro, em grego, significa "mão"), a inter­pretação de sonhos é a oniromancia (oniros, em grego, signifi­ca "sonho", e também gerou a palavra "onírico" em português), e assim por diante. O nome da família do voraz louva-a-deus (mantídeos) e o seu próprio nome (louva-a-deus) derivam da posição habitual de suas patas dianteiras, levantadas e unidas, que sugerem a imagem de um profeta de mãos postas em oração. Em geral, porém, o louva-a-deus se dedica mais a suas atividades de predador do que às de pregador...



¯ GLOSSÁRIO DA ADIVINHAÇÃO ¯

Criaram-se centenas de sistemas de adivinhação ao longo dos séculos. Eis alguns de nossos favoritos:

AEROMANCIA: Neste antigo sistema de adivinhação, em vez de se tentar prever o tempo, o próprio tempo é que indicava o futuro. Os adeptos viam presságios nos fenômenos atmosféricos, como os trovões, os relâmpagos, a forma das nuvens, a direção e a força do vento, a pre­sença de halos no Sol e na Lua. A aeromancia era praticada pelos sacer­dotes da Babilônia e é um dos mais antigos sistemas divinatórios.
ALECTRIOMANCIA: Um galo (alektor, em grego) era a chave deste anti­go sistema de adivinhação. As letras do alfabeto eram dispostas em um grande círculo e punham-se grãos de trigo em cima de cada letra. A ordem em que o galo comia os grãos soletrava uma mensagem. Se as palavras não fizessem sentido, o adivinho as interpretaria. Os grãos eram imediatamente substituídos, tão logo consumidos, para que todas as letras pudessem aparecer na mensagem tantas vezes quanto necessário.
ALOMANCIA: No passado, em muitas regiões do mundo, acreditou-se que o sal tinha propriedades mágicas. Neste sistema de adivinhação, o praticante jogava um punhado de sal numa superfície e depois interpre­tava as formas que surgissem. Pode-se relacionar esse antigo costume à superstição segundo a qual derramar sal dá azar, ou jogar sal sobre o ombro, em geral o ombro esquerdo, dá sorte ou afasta o azar.
APANTOMANCIA: No passado, acreditava-se que encontros acidentais com bichos eram repletos de significados. Na Europa medieval, encontrar-se acidentalmente com uma cabra ou uma lebre era sinal que você teria sorte em pouco tempo, sobretudo se a lebre estivesse fugindo de cães de caça. Ver um morcego, um corvo ou um burro, prenuncio de doença. As interpretações de um mesmo encontro variam conforme as culturas. Nos Estados Unidos, quando um gato preto atravessa o caminho de uma pes­soa é sinal de azar, mas, na Inglaterra, o sentido pode ser o oposto.
ASTRAGALOMANCIA: A adivinhação mediante um lance de dados remonta ao Egito antigo e muitos sistemas foram transmitidos de ge­ração em geração, no decorrer dos séculos. (Se você quer saber de onde veio esse nome, trata-se do grego astragalos, que se refere ao osso de uma junta ou de uma vértebra de um animal, matéria-prima originalmente usada para fabricar dados.) Um sistema simples, conforme explicado num livreto medieval, consistia em jogar três dados. Tirar três seis significava que seus desejos iam se tornar realidade. Dois seis e um dois indicavam sucesso, mas com dificuldade. Um seis e dois quatros signifi­cavam que era melhor esquecer o assunto ou seja, aquilo que você desejava era uma má idéia que deveria ser posta de lado.
BIBLIOMANCIA: A única coisa necessária é um livro. O adivinho faz uma pergunta, abre um livro ao acaso e, de olhos fechados, aponta com o dedo um local qualquer da página. A frase ou parágrafo em que o dedo tocar é tida como uma resposta — ou, pelo menos, como um comentário à pergunta. A Bíblia foi o livro escolhido para isso, durante séculos, mas recentemente os clássicos — Homero, Virgílio e Shakespeare — tornaram-se mais populares. Mas qualquer livro serve — até mesmo este!
CEROMANCIA: Este sistema antigo e amplamente praticado consistia em derreter cera numa bacia de metal. Então, bem devagar, vertia-se a cera quente dentro de outra bacia cheia de água fria. Quando a cera tocava a água, se solidificava em várias formas, interpretadas pelo vidente. Ao longo dos séculos, compilaram-se modelos de interpretação, que resultaram num sistema que qualquer pessoa podia aprender. As mesmas interpretações foram, posteriormente, aplicadas à leitura das fo­lhas de chá.
GEOMANCIA: Um punhado de terra solta é amontoado na palma da mão e depois é jogado, de leve, sobre o solo. O vidente interpreta os desenhos que se formam. Numa versão posterior, chamada geomancia de papel, o adivinho faz uma pergunta e, de olhos fechados, bate com a ponta de um lápis numa folha de papel, deixando marcas aleatórias. Decorrido o tempo que a pessoa julgar apropriado, passa-se então à interpretação dos desenhos que se formaram no papel.
HIDROMANCIA: A água era um elemento importante em várias formas de adivinhação. Num dos métodos, praticado na antiga Grécia, lançavam-se três pedras, uma de cada vez, dentro de um poço de água parada. A primeira pedra era redonda, a segunda, triangular, e a terceira, retangular. O adivinho examinava os desenhos de ondulações concêntricas e procurava imagens ou reflexos que pudessem ser interpretados.
MIOMANCIA: Adivinhação baseada na aparência, na cor e nos sons dos camundongos. Muitas previsões, desde guerra até períodos de fome, se apoiavam na observação direta de camundongos e às vezes também de ratos, bem como nos sinais reveladores da sua presença, como pegadas ou marcas de dentes. O historiador grego Heródoto relatou a derrota de um exército em virtude de uma infestação de ratos. No entan­to isso parece ter sido antes uma questão prática do que uma profecia, pois os ratos roeram os sacos de flechas e os arcos dos soldados, deixan­do-os quase desarmados.
PODOMANCIA: Semelhante à quiromancia, só que é a sola dos pés, e não a palma das mãos, que é usada para a interpretação. Esse sistema de adivinhação foi amplamente usado na antiga China.
XILOMANCIA: Os videntes dos tempos bíblicos examinavam e inter­pretavam os desenhos formados sobre o solo por galhos, ramos, brotos e outros pedaços de árvore. No início, só se usavam galhos que tivessem caído de forma natural. Num método posterior, os adivinhos retiravam metade da casca dos galhos e os jogavam sobre a terra, formando um desenho aleatório. Os galhos que caíssem com a face descascada para cima seriam interpretados.



¯ Breve história do tarô ¯

Embora o aspecto surpreendente e as imagens misteriosas das cartas de tarô possam dar a impressão de que foram cria­das para ler a sorte, na verdade eram, originalmente, apenas um bonito baralho de cartas de jogar. Criadas no século XV, eram usadas para um jogo popular chamado tarrochi (de onde veio o nome tarô), um parente distante do moderno jogo de bridge. As figuras coloridas, estampadas nas cartas, com repre­sentações de personagens e de situações tão variadas como o Eremita, o Trapaceiro, o Enforcado, a Carruagem, a Sacer­dotisa e o Castelo, sugerem que as cartas também podem ter sido usadas para contar histórias.
As cartas de tarô foram associadas à adivinhação na déca­da de 1770, depois que um francês chamado Antoine Court de Gebelin inventou uma teoria muito sofisticada, e comple­tamente errada, sobre a origem e o significado delas. De Gebelin acreditava que as cartas de tarô tinham sido criadas no antigo Egito e eram uma fonte de uma sabedoria secreta. Embora, mais tarde, tenha sido desmentida toda e qualquer ligação com o antigo Egito, essa teoria fantasiosa atraiu uma atenção renovada para o tarô. Em 1785, um cartomante profissional chamado Jean-Baptiste Alliette foi autor do primeiro manual completo para ler a sorte por meio das cartas de tarô. Criou também um baralho original, desenhado por ele mesmo, e estabeleceu um significado específico para cada carta. Alliette ensinou seu método a mais de 150 alunos e aju­dou a dar a arrancada inicial que levaria o tarô a tornar-se um dos sistemas de adivinhação mais conhecidos no mundo.


Cartas de tarô suíças de 1800, aproximadamente:
a Carruagem, a Torre e o Enforcado.





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