quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

QUADRIBOL ATRAVÉS DOS SÉCULOS - Capítulo 8





CAPÍTULO OITO
A Disseminação do Quadribol pelo Mundo


EUROPA

No século XIV, o quadribol já havia se firmado na Irlanda, de que é prova o relato de Zacarias Mumps sobre a partida de 1385: “Um time de bruxos de Cork foi a Lancashire para uma partida e ofendeu sua população ao imprimir uma fragorosa derrota aos heróis locais. Os irlandeses conheciam truques com a goles que ninguém nunca vira em Lancashire, e tiveram que fugir do povoado com medo de serem mortos ao verem os expectadores sacarem as varinhas e saírem em sua perseguição”.
Várias fontes revelam que o quadribol já havia se espalhado por outras partes da Europa no início do século XV. Por um poema de Ingolfre, o Iâmbico, no início da década de 1400, sabemos que a Noruega foi uma das primeiras a se converter ao quadribol (teria Olavo, o primo de Goodwin Kneen, introduzido o jogo lá nos primeiros anos do século?):

Ah, a emoção da caça quando corto os ares,
o pomo à vista, o vento nos cabelos,
Eu quase a alcançá-lo, a platéia grita,
Mas surge um balaço e me atira no chão.

Por volta da mesma época, o bruxo francês Malecrit criou a seguinte fala em sua peça Hélas, Je me suis Transfigure Les Pieds (Ai de mim, transfigurei meus pés):

Grenouille (RA): Hoje não posso ir ao mercado com você, Crapaud (Sapo).
Crapaud (SAPO): Mas, Grenouille (Rã), não posso levar a vaca sozinho.
Grenouille (RÃ): Sabe, Crapaud (Sapo), eu vou ser goleiro agora de manhã. Quem vai impedir a goles de entrar se eu não estiver lá?

O ano de 1473 assistiu à primeiríssima Copa Mundial de Quadribol, embora as nações participantes fossem apenas européias. A ausência de times de nações mais distantes pode ser debitada ao colapso das corujas que levaram as cartas-convites, à relutância dos convidados em fazer uma viagem tão longa e perigosa ou talvez porque preferissem simplesmente ficar em casa.
A final entre Transilvânia e Flandres entrou para a história como a mais violenta de todos os tempos, e muitas das faltas então registradas jamais haviam sido vistas, por exemplo, transformar um artilheiro em gambá, tentar decapitar o goleiro com uma espada e soltar por baixo das vestes do capitão transilvano cem vampiros que sugam sangue.
A Copa Mundial desde então tem sido realizada a cada quatro anos, embora somente no século XVII os times não-europeus tenham entrado na competição. Em 1652 foi criada a Taça Européia que passou a ser disputada a cada três anos.
Dos muitos e esplêndidos times europeus, talvez o Vratsa Vultures (Abutres de Vratsa), da Bulgária, seja o mais famoso. Sete vezes campeão da Taça Européia, o Abutres forma, sem dúvida, um dos times mais eletrizantes para o público, pioneiros do gol longo (chutado bem de longe da pequena área) e sempre dispostos a dar a novos jogadores uma chance de fazerem seu nome.
Na França o Quiberon Quafflepunchers (Fura-bolas de Quiberon), muitas vezes campeão da Liga, é renomado tanto por seu jogo confiante quanto por suas vestes rosa-choque. Na Alemanha encontramos o Heidelberg Harriers (Gaviões de Heidelberg), o time que mereceu o comentário antológico do capitão irlandês Darren O'Hare: “Eles são mais ferozes do que dragões e duas vezes mais inteligentes”. Luxemburgo, uma nação sempre forte em quadribol, nos deu o Bigonville Botnbers (Bombardeiros de Bigonville), festejados por suas estratégias ofensivas e por sempre figurarem entre os maiores marcadores de gols. O time português, a Braga Broomfleet (Frota de Vassouras de Braga), recentemente alcançou os níveis mais altos do esporte por seu sistema inovador de marcar batedores, e o polonês Grodzisk Goblins (Duendes de Grodzisk) indiscutivelmente nos deu o apanhador mais criativo do mundo, Josef Wronski.



AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA

O quadribol foi introduzido na Nova Zelândia durante o século XVII, aparentemente por um time de herboristas que esteve em expedição no país, pesquisando plantas e fungos mágicos. Contam que após o longo dia de trabalho colhendo amostras, esses bruxos e bruxas se descontraíam jogando quadribol sob o olhar intrigado da comunidade mágica local. O Ministro da Magia da Nova Zelândia certamente gastou muito tempo e dinheiro para impedir que os trouxas se apoderassem da arte maori daquele período, em que se vê claramente retratados bruxos brancos jogando quadribol (as talhas e pinturas encontram-se atualmente em exibição no Ministério da Magia em Wellington).
Acredita-se que a disseminação do quadribol na Austrália tenha acontecido durante o século XVIII. Pode-se dizer que a Austrália é um território ideal para o esporte devido às grandes extensões desabitadas que existem no interior do país, em que se podem construir campos de quadribol.
Os times antípodas sempre eletrizaram o público europeu com a sua velocidade e teatralidade. Entre os melhores contam-se o Moutohora Macaws (Araras de Moutohora) da Nova Zelândia com suas famosas vestes vermelhas, amarelas e azuis e sua mascote, a fênix Faísca. O Thundelarra Thunderers (Trovões de Thundelarra) e o Woollongong Warriors (Guerreiros de Woollongong) têm dominado a Liga Australiana durante quase um século. A inimizade entre ambos é lendária na comunidade mágica australiana de tal modo que uma resposta popular a alguém que se gaba de ser capaz de fazer uma coisa improvável ou diz uma coisa igualmente improvável é: “Tá, e eu vou me oferecer para apitar a próxima partida do Trovões contra os Guerreiros”.



ÁFRICA

A vassoura foi provavelmente introduzida na África pelos bruxos e bruxas europeus que viajavam àquele continente em busca de informação sobre alquimia e astronomia, disciplinas em que os bruxos africanos sempre foram particularmente peritos. Embora o quadribol não seja tão disseminado ali quanto na Europa, o jogo está se tornando cada dia mais popular por todo o continente africano.
A Uganda, especialmente, está emergindo como uma nação onde é grande o interesse pelo quadribol. Seu clube mais notável, o Patonga Proudsticks (Presunçosos da Patonga), levou o Pegas de Montrose a um empate, em 1986, para espanto de grande parte do mundo que joga quadribol. Seis jogadores do Presunçosos recentemente representaram Uganda na Copa Mundial de Quadribol, o maior número de pilotos de um único time jamais reunido em uma equipe nacional. Outros africanos dignos de menção são o Tchamba Charmers (Encantadores de Tchamba), do Togo, mestres do passe invertido; o Gimbi Giant-Slayers (Mata-Gigantes de Gimbi), da Etiópia, bicampeões da Taça Africana; e o Sumbawanga Sunrays (Raios de Sol de Sumbawanga), da Tanzânia, um time popularíssimo cuja formação em loop encanta os espectadores do mundo inteiro.



AMÉRICA DO NORTE

O quadribol chegou ao continente norte-americano no início do século XVII, embora tenha se firmado lentamente ali em virtude do forte sentimento antibruxo infelizmente importado da Europa ao mesmo tempo que o jogo. A grande cautela exercida pelos colonizadores bruxos, muitos dos quais esperavam encontrar menos preconceitos no Novo Mundo, contribuiu para limitar o crescimento do jogo nos primeiros tempos.
Ultimamente, no entanto, o Canadá nos deu três dos times de quadribol mais bem treinados do mundo: o Moose Jaw Meteorites (Meteoritos Queixada-de-Alce), o Haileybury Hammers (Martelos de Haileybury) e o Stonewall Stormers (Tropas de Assalto de Stonewall). O Meteoritos foi ameaçado de dissolução em 1970 por sua insistência em sobrevoar cidades e povoados vizinhos, para comemorar suas vitórias, soltando faíscas das caudas das vassouras. O time hoje em dia restringe essa tradição aos limites do campo no final das partidas e, com isso, seus jogos continuam a ser uma grande atração turística bruxa.
Os Estados Unidos não produziram tantos times de quadribol de classe mundial quanto outras nações porque o jogo teve como concorrente uma modalidade americana de esporte em vassoura, o Trancabola. Variante do quadribol, aquele jogo foi inventado no século XVIII pelo bruxo Abraham Peasegood que, ao imigrar para os Estados Unidos, levara com ele uma goles, com a intenção de recrutar um time de quadribol. Conta a história que a goles de Peasegood inadvertidamente entrou em contato com a ponta da varinha do bruxo dentro do seu malão, e que quando ele finalmente a retirou da mala e começou a jogá-la para cá e para lá, a bola explodiu em seu rosto. Peasegood que, pelo visto, possuía um inabalável senso de humor, prontamente dispôs-se a recriar o mesmo efeito com uma série de bolas de couro e, em pouco tempo, esqueceu completamente o quadribol e inventou, com os amigos, um jogo centrado nas qualidades explosivas da goles rebatizada de “bola”.
Em um jogo de Trancabola há onze jogadores de cada lado. Esses passam a bola, ou goles modificada, de jogador para jogador visando a chegar à extremidade do campo e enfiá-la, antes de explodir, no “caldeirão” colocado ali. O jogador que estiver de posse da bola quando ela explodir tem que abandonar o campo. Uma vez que a bola esteja segura no “caldeirão” (uma vasilha pequena contendo uma solução que impede a bola de explodir), o time que marcou o gol ganha um ponto e uma nova bola é trazida para o campo. O Trancabola fez algum sucesso na Europa como esporte minoritário, embora a imensa maioria de bruxos continue fiel ao quadribol.
Apesar dos encantos rivais do Trancabola, o quadribol vem ganhando popularidade nos Estados Unidos. Dois times recentemente chegaram ao nível internacional: O Sweetwater All-Stars (All-Stars de Sweetwater) do estado do Texas que teve uma merecida vitória contra o Furabolas de Quiberon em 1993 ao final de uma emocionante partida de cinco dias; e o Fitchburg Finches (Azulões de Fitchburg) de Massachusetts que até o momento já venceu o campeonato da Liga Americana sete vezes e cujo apanhador, Máximo Brankovitch Neto foi capitão da equipe norte-americana nas últimas duas copas mundiais.



AMÉRICA DO SUL

O quadribol é jogado em toda a América do Sul, embora o jogo precise competir com o popular Trancabola tal como no continente norte-americano. A Argentina e o Brasil chegaram às quartas-de-final na Copa Mundial do século passado. Sem dúvida a nação mais talentosa em quadribol na América do Sul é o Peru que, segundo se comenta, deverá se tornar o primeiro campeão latino-americano nos próximos dez anos. Acredita-se que os bruxos peruanos conheceram o quadribol por intermédio dos bruxos europeus enviados pela Confederação para monitorar a população de vipertooths (dentes-de-víbora), o dragão nativo do Peru. O quadribol tornou-se uma verdadeira obsessão para a comunidade bruxa local desde então, e seu mais famoso time o Tarapoto Tree-Skimmers (Rasa-árvores de Tara-poto), recentemente, fez uma excursão pela Europa em que foi muito aplaudido.



ÁSIA

O quadribol jamais atingiu grande popularidade no Oriente, pois as vassouras voadoras são uma raridade em países onde o modo de viajar preferencial ainda é o tapete. Os ministérios da magia em países como índia, Paquistão, Bangladesh, Irã e Mongólia, todos os quais mantêm um próspero comércio de tapetes voadores, encaram o quadribol com desconfiança, embora o esporte tenha alguns fãs entre os bruxos e bruxas de rua. A exceção a essa regra geral é o Japão, onde o quadribol ganhou constante popularidade no século passado. O time japonês mais bem-sucedido, o Toyohashi Tengu, perdeu por pouco uma vitória sobre o Gárgulas de Gorodok da Lituânia, em 1994. O ritual japonês de atear fogo às vassouras em caso de derrota é, no entanto, considerado pelo Comitê de Quadribol da Confederação Internacional dos Bruxos um desperdício de madeira de lei.






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