O basilisco é um de nossos monstros prediletos. Dependendo de quem conte a história, pode ser uma serpente que cospe veneno, um lagarto feroz, um dragão gigantesco ou uma quimera completa, ostentando a cabeça e as asas de um galo num corpo de cobra.
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O basilisco é um de nossos monstros
prediletos. Dependendo de quem conte a história, pode ser uma serpente que
cospe veneno, um lagarto feroz, um dragão gigantesco ou uma quimera completa,
ostentando a cabeça e as asas de um galo num corpo de cobra. A exemplo
da enorme cobra verde que Harry encontra na Câmara Secreta, o basilisco é
sempre assustador e muitas vezes mortífero, capaz de matar suas vítimas apenas
com o olhar.
A referência mais antiga a esse réptil encantador
está em Plínio o Velho, escritor latino do século I, cujo livro História
Natural demonstra boa parte do que os antigos romanos pensavam acerca do
mundo natural. Segundo Plínio, o basilisco é uma cobra pequena mas letal, de
no máximo 30 centímetros de comprimento, nativa da África do Norte. Conhecido
como "rei das serpentes" por causa das marcas na cabeça semelhantes a
uma coroa (basiliskos, em grego, significa "pequeno rei"), o
basilisco avançava contra a sua presa com o corpo erguido e não em ziguezague
sobre o solo, como fazem as outras cobras, e podia atear fogo aos arbustos e
partir pedras ao meio com um simples sopro. O basilisco vivia no deserto, não
por escolha própria, mas porque, onde quer que ele vivesse, a terra acabava por
virar um deserto por causa de seu hálito que queimava tudo. Seu veneno era tão
forte, segundo Plínio,
que, se um homem montado em um cavalo matasse um basilisco com uma lança, o
veneno subiria através da haste da lança, mataria o cavaleiro e depois também o
cavalo.
Não sei se podemos dizer que uma cobra
tenha um calcanhar-de-aquiles, mas, se pudermos, o basilisco tinha dois: não
suportava o cheiro de uma doninha nem o canto de um galo. Para abater um
basilisco com o cheiro de uma doninha, era necessário, primeiro, atrair a
serpente para a toca de uma doninha. Depois era preciso fechar as entradas e
saídas e, com isso, a serpente terminaria por sucumbir ao odor da doninha.
Matar um basilisco com um galo era bem mais fácil. Segundo o escritor romano
Claudius Aeliano, o mero som do canto de um galo levaria o basilisco a sofrer
convulsões e morrer (foi para proteger o basilisco que estava na Câmara Secreta
contra esse risco que Tom Riddle fez com que vários galos fossem abatidos em
Hogwarts). Mas talvez a melhor proteção contra o basilisco seja pôr um espelho
na sua frente, fazendo-o dirigir o seu olhar mortífero contra si mesmo e assim
matá-lo de medo.
À exemplo de muitas criaturas imaginárias,
o basilisco provavelmente foi inspirado num animal verdadeiro — nesse caso, a
naja egípcia, uma cobra que tem um veneno letal, se movimenta de cabeça erguida
e tem, na cabeça, marcas semelhantes a uma coroa. Porém, como era comum na
antigüidade, os escritores que descreviam os costumes e as criaturas de terras
distantes muitas vezes o faziam sem colocar o pé fora de casa. Em vez disso,
baseavam seus textos em relatos de segunda mão, feitos por viajantes
estrangeiros que obviamente acrescentavam muitas coisas às suas histórias a fim
de torná-las mais interessantes. À medida que as histórias iam sendo contadas e
repetidas, a tradição dos basiliscos se ampliou.
Na Idade Média, livros populares
sobre animais míticos passaram a descrever o basilisco como um monstro bizarro,
com corpo de serpente (nas tradições grega e romana era totalmente serpente)
e cabeça, asas e às vezes os pés de um galo. Essa versão da criatura, segundo a
lenda, podia ser encontrada tanto na Inglaterra como na África, era conhecida
como basilisco ou ainda cockatrice, que vem do inglês cock, "galo".
Essa estranha e improvável mistura de cobra com galinha se originou, ao que
parece, de histórias relacionadas ao seu nascimento. Segundo elas, o basilisco
foi chocado num ovo de galinha, que continha
um galo, que havia sido deixado na encosta de um morro e chocado por um sapo. É
essa a imagem do basilisco que era amplamente conhecida e retratada na arte e
na heráldica medievais, às vezes com o corpo coberto de penas, às vezes coberto
de escamas.
O basilisco da Câmara
Secreta, no entanto, é obviamente do tipo mais antigo, sendo estritamente uma
cobra, das bem grandes, como convém ao herdeiro de Slytherin.
Câmara
Secreta, 16
O BASILISCO HOJE
O bicho que hoje chamamos de basilisco é
um curioso lagarto tropical encontrado nas florestas úmidas da América Central
e do Sul. Membro da família dos iguanas, vive nas árvores e entre as pedras e é
capaz de correr velozmente curtas distâncias sobre a superfície da água,
erguido sobre as pernas traseiras, com o corpo quase ereto. É um nadador e um
escalador excelente, alimenta-se de insetos, aranhas e outros animais pequenos.
Em virtude de aparentemente poder caminhar sobre a água, às vezes é chamado de
lagarto-jesus.
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