CAPÍTULO SEIS
Parte 2
Mudanças no Quadribol a partir do Século XIV
BOLAS
A GOLES
Sabemos
pelo diário
de Trude Keddle que a goles, desde o início, foi feita de couro. Mas, das
quatro bolas do quadribol, ela é a única que não foi enfeitiçada desde o
início, era apenas uma bola de retalhos de couro, muitas vezes com uma alça (veja Fig. E) porque devia ser agarrada e
atirada apenas com uma das mãos. Algumas goles antigas possuíam furos para os
dedos. Porém, com a descoberta dos Feitiços Prendedores em 1875, as alças e
furos para os dedos se tornaram desnecessários, pois o artilheiro podia manter
a mão presa no couro enfeitiçado sem qualquer outro auxílio.
A
goles moderna mede trinta centímetros e meio de diâmetro e não tem
costuras. Foi pintada de vermelho, pela primeira vez, no inverno de 1711,
depois de uma partida em que a chuva pesada a tornou indistinguível do chão
lamacento todas as vezes que caía. Acresce que os artilheiros estavam cada vez
mais irritados com a necessidade de mergulhar continuamente até o chão para
recuperar a goles todas as vezes que não conseguiam agarrá-la, por isso, pouco
depois da goles ter mudado de cor, a bruxa Margarida Pennifold teve a idéia de
enfeitiçar a bola de modo que, quando caísse, descesse lentamente em direção
ao chão como se estivesse afundando em água, o que permitia que os artilheiros
pudessem agarrá-la ainda no ar. A “goles
Pennifold” continua em uso até hoje.
OS BALAÇOS
Os
primeiros balaços (ou “pedraços”)
eram, como vimos, pedras voadoras, e na época de Mumps tinham sido meramente
desbastadas para assumirem uma forma arredondada. Apresentavam, porém, uma
importante desvantagem: podiam ser quebrados pelas maças magicamente reforçadas
dos batedores do século XV, caso em que todos os
jogadores passavam a ser perseguidos pelos fragmentos da pedra pelo resto da
partida.
Provavelmente
deve ter sido esta a razão de alguns times de quadribol começarem
a experimentar balaços de metal no início do século XVI. Ágata
Chubb, especialista em artefatos mágicos antigos, já identificou nada menos que
doze balaços de chumbo desse período, encontrados tanto em turfeiras irlandesas
quanto em brejos ingleses. “São, sem a
menor dúvida, balaços e não balas de canhão”, escreve ela.
As leves mossas dos bastões magicamente reforçados usados pelos
batedores são visíveis bem como as marcas inconfundíveis de manufatura bruxa
(em oposição à trouxa), a lisura da curvatura, a perfeita simetria. Um fato decisivo
foi que cada um dos espécimes voou pelo meu escritório e tentou me derrubar no
chão quando sua caixa foi aberta.
Com
o tempo, os bruxos descobriram que o chumbo era demasiadamente macio para a
fabricação
de balaços (qualquer mossa deixada nele afetava sua capacidade de voar em linha reta). Atualmente eles são
feitos de ferro e têm vinte e cinco centímetros de diâmetro.
Os
balaços
são enfeitiçados para perseguir os jogadores sem discriminá-los. Se permitirmos
que ajam livremente, eles atacarão o jogador mais próximo, donde a tarefa do
batedor é rebater os balaços para o mais longe possível do seu próprio time.
O
POMO DE OURO
O
pomo de ouro tem o tamanho de uma noz tal qual o Pomorim Dourado. É
enfeitiçado para fugir à captura o maior tempo possível. Contam que houve um
pomo de ouro que fugiu à captura durante seis meses na charneca de Bodmin em
1884 até que os dois times desistiram, desgostosos com a imperícia dos seus
respectivos apanhadores. Os bruxos da Cornualha que conhecem aquela charneca insistem
ainda hoje que o pomo continua a vagar ali em estado selvagem, embora eu não
tenha conseguido confirmar tal história.